Juiz que é adepto, sócio e acionista do Benfica vai continuar no caso dos emails – SAPO Desporto
O director de comunicação do FC Porto reagiu esta segunda-feira à condenação no caso dos “emails do Benfica”.Francisco J. Marques foi condenado a um ano e dez meses de pena suspensa pela divulgação da correspondência electrónica de figuras ligadas ao Benfica, no Porto Canal, entre 2017 e 2018. No Twitter, nega ter manipulado qualquer informação, argumento usado pelo juiz Nuno Costa na leitura do acórdão deste processo.
"Nunca manipulei nada. Enviei os [e]mails integrais para os jornais que mos pediram, Record e O Jogo. Se quisesse manipular, truncar, esconder não o tinha feito, como é óbvio. A luta continua", escreveu Francisco J. Marques no Twitter.
O responsável portista vem assim defender-se publicamente da decisão tomada pelo tribunal, que considerou que os responsáveis de comunicação do FC Porto truncaram, usaram inverdades na construção de narrativas e atingiram o bom nome do Benfica ao associar o clube a supostas práticas de corrupção.
O magistrado Nuno Costa deu especial atenção a um email trocado entre Pedro Guerra, antigo funcionário do Benfica e comentador afecto às "águias", e Adão Mendes, antigo observador da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clube, em que se discutia um suposto controlo do clube da Luz sobre a arbitragem.
Para o juiz, foi montado um "ambiente" por J. Marques que passava pela ligação do Benfica a práticas ilícitas. O magistrado considera que foi truncada informação e acusa o director de comunicação do FC Porto de montar uma narrativa com "meias verdades".
"Manifestamente, o arguido Francisco Marques fez aquilo que se chama de manipulação de informação. Para ser bem feita, tem de conter bastantes aspectos verídicos. Muitas vezes, ou quase sempre, são precisamente as meias verdades que são as mentiras mais difíceis de negar", afirmou o líder do colectivo de juízes.
Francisco J. Marques foi condenado pela prática de dois crimes de ofensa à pessoa colectiva agravados e pelo crime de violação de correspondência agravada ou telecomunicações. O segundo arguido no processo, o director de conteúdos Diogo Faria, foi condenado a uma pena suspensa de nove meses. Já Júlio Magalhães, ex-director do Porto Canal, foi absolvido de todos os crimes.
O advogado que representa os arguidos, Nuno Brandão, adiantou que irá analisar o acórdão e recorrer da decisão. O causídico sublinha, contudo, que a maioria das imputações não se traduziu em condenações.
"Quanto ao Francisco J. Marques, devemos notar que a acusação e a pronúncia caíram na sua larga maioria, estavam claramente empoladas como dissemos na exposição introdutória. Houve duas ou três imputações que subsistiram e merecem a nossa discordância. Estamos na primeira parte, vai haver uma segunda parte que será o recurso no Tribunal da Relação.
Poderá existir um prolongamento, uma queixa para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos", reitera.
A par da pena suspensa, Francisco J. Marques e Diogo Faria foram ainda condenados ao pagamento de dez mil euros a Luís Filipe Vieira. O ex-presidente do Benfica é assistente no processo e o colectivo de juízes considerou que as revelações lesaram o bom nome e honra do antigo dirigente. Também este ponto será contestado pelos "dragões" em recurso.
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