sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Jesualdo Ferreira

"Hulk é rápido, potente e goleador"
Hulk ainda não mereceu um puxão de orelhas, mas ainda as deve ter a arder. Isto porque boa parte da conferência de ontem foi dedicada ao avançado. Jesualdo Ferreira puxou dos galões de professor e explicou as particularidades de trabalhar com alguém com características especiais. "Um treinador deve potenciar o jogador, mas antes ele tem de passar por um processo de adaptação, conhecer os colegas, o método e, depois, ninguém é sobredotado ao ponto de chegar e ser ele e mais dez", referiu. Feito o aviso, sobraram elogios. "Ele é muito rápido, potente, tem grande capacidade de remate, é um jogador de grande entrega ao jogo e de enorme disponibilidade física e, ainda, um goleador. Como é que lhe podia retirar isto?", questionou, tentando justificar algumas atitudes mais egoístas do brasileiro. Consciente disso, o técnico sabe que tem muito trabalho pela frente se quiser moldar o jogador. Só então poderá puxar-lhe as orelhas. "Tenho de lhe colocar propostas que ele entenda de forma a integrá-lo numa estrutura táctica e ajustar a equipa, para que esta consiga retirar o máximo rendimento dele. Mas, ainda há questões que vão demorar algum tempo a resolver. Quando ele entender o jogo e for para os patamares que desejamos, quando for um jogador diferente, então, poderei ou não dar-lhe um puxão de orelhas. Num processo de ascensão e aprendizagem, há enorme disponibilidade para aprender. Depois, quando se chega a um nível alto, esta disponibilidade fecha-se. Por isso é que é mais difícil trabalhar com estrelas", concluiu.

"Lucho está diferente por interesse da equipa"
Há uma semana, Jesualdo Ferreira revelou que Rodríguez jogou limitado fisicamente, ajudando a explicar o menor rendimento do uruguaio nalgumas partidas. Desta vez, o técnico abordou o actual momento de forma de Lucho para garantir que o argentino está bem fisicamente, só que a cumprir tarefas distintas dos anos anteriores, daí a menor visibilidade. "Ganhámos em Kiev com o golo dele e depois fomos à Turquia e todos diziam que era um factor negativo ele não estar presente pelo peso que tinha na equipa. A verdade é que ganhámos no Fenerbahçe e o discurso mudou: o Lucho não está bem, se calhar nem deveria jogar. Esta falta de coerência faz parte do futebol, mas nós temos outros dados que nos levam a tomar decisões que podem não parecer lógicas a quem observa de fora", referiu antes das explicações: "O Lucho tem feito um trabalho diferente da época passada por interesse da equipa. No primeiro ano, tinha uma função - fez poucas assistências e 12 golos - no segundo, teve outra função - fez 15 assistências e menos golos. Neste momento, joga noutra posição porque é um grande jogador de equipa", frisou, embora não tenha especificado as novas tarefas do número 8. Jesualdo fez, sim, questão de defender o seu jogador. "Nos últimos dois jogos ele correu quase 13 quilómetros, mas dizia-se que não tinha condição física. A evolução da equipa obriga a que alguns jogadores tenham tarefas de equilíbrio e solidariedade. No ano passado, por exemplo, ele jogou três meses em situação precária a nível físico na fase em que o FC Porto ganhou oito jogos seguidos e conseguiu o apuramento na Champions", revelou.

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