Em causa: os lances polémicos do jogo Braga x FCP
Carlos Gouveia (OJOGO)
Jesualdo Ferreira admitiu ontem que o primeiro golo do FC Porto em Braga nasceu dum fora-de-jogo de Hulk. Depois de analisar a partida na televisão, o técnico portista aceitou comentar as ocorrências da arbitragem de Paulo Costa, porque, disse, estava em condições de o fazer com seriedade. "O cruzamento de informações no final dum jogo não é suficientemente claro para fazer análises que me veiculem a essa posição", referiu, explicando dessa forma a recusa de responder a uma pergunta na flash interview de Braga. Revisto o jogo, Jesualdo deu a sua visão dos lances mais polémicos: "Entendo que o Hulk estava em fora-do-jogo no primeiro golo e acho que o Tomás Costa não estava em fora-do-jogo. Mas os dois lances não são claros, por isso ficará sempre a dúvida na análise que as pessoas quiserem fazer, servindo-se dos meios que têm à mão e da seriedade com que os interpretam. No lance entre o Cissokho e o Alan, aceito que fosse penálti; e não vi nada que pudesse provar que o Guarín tocou na bola com a mão. Na dúvida, não posso qualificar o lance. Foi esta a análise que fiz", referiu, na antevisão do encontro com o Leixões, que acabou por ficar para segundo plano.
Para Jesualdo Ferreira, as constantes críticas aos árbitros não contribuem para a evolução da classe. Aliás, o técnico não acredita que "alguma equipa de arbitragem seja capaz de estar segura nos jogos que faz". Segue-se a explicação. "O grau de exigência de um jogo, o clima que se cria ou o tipo de jogadores em confronto têm uma grande influência nas decisões. Mas não é só com os árbitros; é com os jornalistas, com o público. Os avanços dos meios tecnológicos estão a passar para segundo plano aquilo que realmente interessa. São exploradas outras questões, as que causam mais polémica, e todas as análises que se fazem vão no sentido de punir as pessoas em vez de as fazer evoluir. O facto de os treinadores, os jogadores e as pessoas que estão envolvidas no jogo falarem permanentemente de arbitragens denuncia que aquilo que é mais importante - o treino, a organização dos clubes, a visão estratégica - não é o que ocupa mais seriamente as pessoas", acrescentou, de forma crítica.
Braga x FC Porto
20'
"Entendo que Hulk estava em fora-do-jogo no primeiro golo"
41'
"Acho que Tomás Costa não estava em fora-do-jogo, mas o lance não é claro, por isso ficará sempre a dúvida"
70'
"No lance entre Cissokho e Alan, aceito que fosse penálti"
80'
"Não vi nada que pudesse provar que Guarín tocou na bola com a mão".
Cissokho de fora para evoluir
Desta vez, Jesualdo Ferreira abriu parte do jogo e revelou algumas mudanças que vai efectuar, começando por explicar a razão de ter deixado Cissokho fora dos convocados. "Ao fim de dois jogos e das análises que fiz em dois momentos difíceis - o primeiro por ser a estreia e o segundo pelo grau de dificuldade do jogo, em que fiquei muito satisfeito com ele -, entendi que esta semana seria ideal para tratar questões de natureza táctica, no sentido de o fazer evoluir mais rapidamente", referiu, admitindo outras mudanças no onze. "Não por erros ou menor rendimento dos jogadores, mas porque, na gestão da equipa, entendo que as devo fazer para garantir um jogo diferente do de Braga e porque este pode ter 120 minutos ou ser decidido nos penáltis. O Fernando lesionou-se no treino desta manhã, e o Rodríguez não deve ser titular. O Nuno será o guarda-redes", revelou. E disse que não pouparia ninguém por causa dos amarelos, embora estes não contem na Taça.
As diferenças que possam existir reflectem a evolução das equipas, as características do jogo e o clima que se vai viver. O Leixões ganhou bem no Dragão, porque foi a melhor equipa: sólida, solidária, séria, e aproveitou as debilidades que apresentámos. Passaram estes meses, e o Leixões continua bom, porque está em quarto lugar e só perdeu dois jogos na Liga. Provavelmente, estará ao mesmo nível, e quero que o FC Porto esteja melhor. O respeito que temos pelo Leixões obriga-nos a sermos uma equipa séria, competente e exigente para passarmos uma eliminatória de uma prova que queremos vencer.
Temos sentido algumas dificuldades, que no ano passado não eram tão visíveis, e isso tem a ver com as alterações que o FC Porto tem vindo a fazer, em função dos novos jogadores, para que seja uma equipa mais segura e com uma atitude e intensidade que permitam ultrapassar essas oscilações.
Tecnologia a côres
Hugo Sousa (OJOGO)
Havendo apenas uma vaga directa na Liga dos Campeões, não era preciso ser um génio para perceber que este ano a arbitragem seria ainda mais comentada do que o costume. Os protestos, os silêncios ou as análises lúcidas têm sido salomonicamente distribuídas em razão directa dos benefícios ou prejuízos na jornada anterior. Não foi sempre assim? Já aprendemos há muito que uma arbitragem que corre bem é - e será quase sempre - uma arbitragem que corre mal a alguém. Agora, para dar uma roupagem moderna à coisa, lançou-se a febre da tecnologia como via messiânica para aliviar a, salvo seja, mais velha profissão do mundo a gerar protestos. Abençoada ingenuidade. Na dúvida, mesmo com sofisticadas imagens de todos os ângulos e feitios, é muito difícil convencer um adepto ferrenho de que "aquilo" era mesmo penálti; ou mão; ou fora-de-jogo. Ele replicará sempre com "a intensidade do toque", com "a bola na mão e não mão na bola", e jurará que o jogador estava "em linha", nem que a trace aos ziguezagues sobre a imagem parada. Com mais ou menos folclore, arbitragem é isto: uma questão que não se resolve.
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