terça-feira, 4 de novembro de 2014

Excerto da crónica de Miguel Sousa Tavares

04/11/2014 - As partes da crónica que me interessam mais
2 De resto, eu diria que foi uma jornada normal: O Porto ganhou, o Sporting tropeçou, o Benfica foi beneficiado.

O Benfica de mais uma arbitragem amiga, que lhe proporcionou vencer, com um grande golo é certo, mas nascido irregular. Já vão sendo muitos, habituais, e importantes pela sua frequência, os erros de arbitragem que beneficiam o Benfica. Porém, mais do que os erros e a sua repetição, o que mais nos deve preocupar é a pré-disposição dos árbitros. Isto é, quando os indícios mostram que um árbitro já vai pré-disposto a proteger ou prejudicar determinada equipa. Isso sucedeu com toda a clareza quando o fiscal de linha anulou um golo ao Rio Ave por off-side. De facto, o off-side existiu, por centímetros, não detectável em campo, ou dificilmente detectável. Mas rigorosamente impossível de detectar quando o linner estava 5 ou 6 metros atrás da linha da jogada, como foi o caso.
Nessas circunstâncias, só um instinto protector das cores benfiquistas o levou a levantar a bandeirola. Na dúvida… é encarnado! Dá mesmo que pensar.

Em Guimarães, e para usar uma linguagem cara aos sportinguistas, eles levaram um banho de bola.

Surpreendente ou nem tanto: eu, sem daí extrair qualquer gozo particular, faço parte dos que acham que a grande equipa anunciada ao serviço do Sporting e o tal “melhor futebol que se vê” são fruto de muitos desejos e frustrações tomados por realidade, além da muita vontade de vender ilusões aos adeptos sportinguistas. Isto já vem do ano passado, quando após pouco mais de três meses de estreia, já se dizia, por exemplo, que toda a Europa estava interessada no William Carvalho e que ele já valia seguramente uns 50 milhões. Ora, o que sucede, sim, é que, por dificuldades financeiras prementes e fruto de décadas de má gestão, em estilo fidalgo arruinado, o Sporting tem apenas a equipa que pode ter nestas circunstâncias. E, por mais erros que os outros cometam e mais méritos que o Sporting possa ter, nas contratações, chega-se sempre a um ponto em que o dinheiro fala mais alto que tudo.
Com o dinheiro de que Benfica e Porto dispõem para comprar, e depois vender bem, e com o dinheiro que o Sporting dispõe, que é metade ou menos disso, é fatal que Benfica e Porto acabem por ter melhores jogadores e melhores equipas. E este ano, isso, para mim, é evidente: nem o excelente trabalho de Marco Silva o pode fazer esquecer, apenas minimizar. E a única coisa que, não estando prevista, acabou por ir disfarçando o fosso entre o Sporting e os seus rivais mais directos, foi a chegada de Nani – numa forma e com uma atitude que eu, sinceramente, não estava à espera. Mas é quando Nani pega na bola que melhor se vê a insuficiência de qualidade do plantel sportinguista. Pode ser que eu esteja enganado, mas creio que Guimarães foi apenas o primeiro tropeção sério de um caminho que fatalmente irá ter outros.

Tal como afirmo no meu “post” sobre o jogo com o Nacional da Madeira, um FC Porto em economia de esforço

O FC Porto venceu um jogo que não foi carne nem peixe. Um começo fulgurante, como já havia sucedido em Arouca, justamente premiado com um golo aos 9 minutos (tanto que eu suspirei que a equipa passasse a entrar nos jogos com pressa de chegar ao golo, em vez de ficar a pasmacear naqueles floreados desesperantes!). Depois, uma grande reacção do Nacional, que, não apenas evitou o atordoamento, como cresceu no campo e foi à luta, proporcionando uma primeira parte de grande futebol, de um lado e do outro. Na segunda parte, o Nacional perdeu força e atitude, enquanto que o Porto perdia velocidade e imaginação. E o jogo acabou resolvido pelo golpe de génio de Brahimi, mostrando bem que, quando o colectivo não é superior, dá muito jeito ter individualidades que possam resolver o assunto. Que bom, no FC Porto, mais uma bela exibição de Danilo, na grande época que está a fazer (finalmente justificando os 18 milhões que custou); a continuada segurança e simplicidade de processos de Martins Indi; a aposta reiterada em Quintero (apenas recuado demais para o que deve ser… pois, não precisar de defender); Brahimi, claro, e a classe sempre presente de Jackson Martinéz, a jogar, a lutar, ou a marcar. Para melhorar: os últimos passes de Herrera, quase sempre falhados; o jogo demasiado faltoso de Casemiro (então que dizer dos sarrafeiros William e Adrien… etc…); o futebol inconsequente de Óliver, capaz de bem melhor; a mal aproveitada velocidade de Tello, que não sabe matar os lances de morte que cria, e a segunda parte de Quaresma, desmentindo o que de bom havia feito na primeira, na ânsia de também ele marcar um golo à Brahimi.
A rever, e com muito interesse, Aboubakar, que, apesar de ainda só se ter visto em 23 minutos, parece ser bem mais do que um negão lá à frente. Contando ainda com os que desta vez ficaram de fora, que grande colecção de grandes jogadores que ali está! É fatal que hão-de acabar por fazer uma grande equipa – que ainda o não é, consistentemente. (nisto estamos de acordo).

Procedimentos ou métodos de actuação
3 Diz-se que os grandes líderes são aqueles que, na vitória, deixam os louros para os seus comandados, e, na derrota, são os primeiros a assumir as responsabilidades. Não é esse o estilo de Bruno de Carvalho. Nas vitórias, salta para o campo, no meio dos jogadores, a agradecer aos adeptos, como se também tivesse jogado e contribuído para a vitória. Mas, na hora da derrota, fecha-se no Facebook, a acusar os jogadores de serem indignos da camisola. Os jogadores devem adorá-lo! E o treinador deve agradecer a ajuda.

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