quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Equipa Técnica: Conceito de trabalho partilhado

... André Villas-Boas sentiu a necessidade de distribuir os muitos elogios que tem recebido por quem lhe é mais próximo. E fê-lo, em plena sala de Imprensa, minutos depois da humilhação imposta ao principal rival. Começou por destacar os jogadores pelo sentido colectivo que colocaram na partida, para depois passar àqueles que, segundo ele, são fundamentais no seu trabalho: os elementos da equipa técnica. Vítor Pereira, José Mário Rocha, Pedro Emanuel, Wil Coort e até Daniel Sousa, o observador que é presença assídua no Olival, foram os destinatários dos elogios e, mais ainda, duma revelação pouco habitual: muitas vezes são eles que tomam as decisões. Palavra de Villas-Boas.
O treinador trouxe para o FC Porto o conceito de porta aberta, ou seja, o trabalho é partilhado, porque todos os adjuntos, sem hierarquias rígidas, intervêm no processo de preparação dos jogos. O lema, imposto por André Villas-Boas e que orienta a equipa técnica, passa por três princípios básicos: empatia, liberdade e intervenção. O trabalho, mas também as responsabilidades, são repartidas em doses idênticas, embora com uma liderança bem vincada do treinador. Qualquer elemento da equipa técnica é incentivado a discordar, na lógica de que há-de sair uma síntese proveitosa das discussões. Os adjuntos, de Vítor Pereira a Wil Coort, sugerem, discutem, e daí nasce a decisão final. No que diz respeito ao trabalho de campo, de referir que os treinos duram, normalmente, apenas 90 minutos, o tempo de um jogo de futebol, e nunca é executado trabalho diferenciado ou específico, uma vez que todos os jogadores treinam de forma integrada.
Por outras palavras, não há grupos para treino específico. Além disso, o plano de preparação realizado ao longo da semana está sempre virado para o adversário que se segue. Há mais: no final da cada treino, a equipa técnica reúne-se para analisar a forma como decorreu o trabalho e de seguida começa a preparar a sessão do dia seguinte, ficando desde logo estipulado todos os passos desse treino.
Apesar de ter em José Mário Rocha o elemento mais próximo, porque foi o único a transitar da Académica, André Villas-Boas considera a opinião de todos da mesma forma, e até Wil Coort, que tem uma função mais específica (treinador dos guarda-redes), é parte integrante dessas discussões.
Sendo assim, percebe-se que André Villas-Boas não exige sentido colectivo apenas aos jogadores, porque esse espírito começou a ser desenhado precisamente na equipa técnica.
PS - Rolando revelou, de seguida, que no FC Porto ainda não se fala na conquista do título, porque os jogadores só têm em mente "vencer o jogo seguinte". "Estamos habituados a ganhar, sabemos lidar com essa pressão, e vamos provar que temos capacidade e qualidade para permanecer e merecer o primeiro lugar", concluiu.

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