quarta-feira, 11 de junho de 2014

A apologia da democracia contra a prepotência e o golpismo

11/06/2014 - Muito bem Sr. jornalista José Manuel Ribeiro

A lei do faroeste por José Manuel Ribeiro

Quem participar na AG eleitoral da Liga já sabe que será corresponsável pela guerra destrutiva e estúpida que se seguirá 

Mário Figueiredo e Carlos Deus Pereira - o homem mais poderoso do futebol português no último ano - deliberaram que a vontade de pelo menos três quartos dos associados da Liga vale zero vírgula zero. O chumbo dado pelo presidente da Assembleia Geral aos dois candidatos que se opunham ao actual presidente nas eleições tem a vantagem de explicar, da maneira mais eloquente possível, por que razão insistiam os clubes em correr com Figueiredo, mesmo estando ele tão próximo de terminar o mandato.

É uma golpada grotesca que, caso Portugal não seja um Estado de Direito (e se calhar não é), anuncia três anos de grande paz e harmonia entre o presidente da Liga e a enorme maioria de associados cuja vontade ele se prepara para violentar com toda a ligeireza. Três anos de conflitos, de mesquinhez, de manigâncias e de retrocessos como até aqui, mas agora elevados ao cubo, porque a relação entre Figueiredo e os clubes não vai melhorar com este episódio absurdo, nem, aliás, a competência dele para tudo o que não seja meter alguém em tribunal.

Por um lado, é bem feito, porque foram a inaptidão, desunião e deslealdade dos clubes, tantas vezes gratuitas, a conduzir a este desfecho. Por outro, independentemente do tema deturpado da centralização dos direitos televisivos*, são mais três anos de ódio e estagnação que se perfilam. Se as pessoas do futebol forem tão idóneas como apregoam, amanhã a assembleia eleitoral estará vazia e ficará dado o primeiro passo para trabalharem juntas; se não forem todas sérias, quem participar não poderá invocar inocência na guerra destrutiva e estúpida que se seguirá.

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