terça-feira, 28 de outubro de 2014

Excerto da crónica do Miguel Sousa Tavares

28/10/2014 - Na minha opinião as partes mais saborosas, para nós portistas, da crónica

Nortada - Um pouco de normalidade por Miguel Sousa Tavares

1 Ao ver a forma displicente e generosa como o SC Braga entrou no jogo com o Benfica, estendendo-lhe a passadeira para o primeiro golo, ainda não estavam decorridos 2 minutos e metade dos seus jogadores ainda não tinha tocado na bola, preparei-me para assistir a mais um passeio do Benfica em terras do Minho. Mas, aos poucos, começou a aparecer um Braga próximo do que eu tinha visto no Dragão e que foi a melhor equipa que por lá passou este ano.
O suficiente para levar de vencida o Benfica, apesar de dois penalties, todavia evidentes, de Eliseu sobre Pardo e que ficaram por marcar. E assim, a classificação fica mais de acordo com o que se tem passado. E o Benfica, como se diz na caça, já está à distância de tiro.

5 Aos 2 minutos do jogo de Arouca, Jackson Martinez é rasteirado dentro da área, quando ficaria cara a cara com o guarda-redes. Era penalty e expulsão. A jogada foi clara e Xistra estava bem em cima dela. Nada assinalou. Comentário do relator da Sport TV: - Nuno Coelho impede progressão de Jackson…
Resposta do comentador de serviço: - Parece que sim…
E adiante, sem mais uma palavra sobre o assunto até final, como se nada de importante tivesse acabado de suceder.
Isto, depois de uma semana de histeria jornalística com um penalty assinalado contra o Sporting, na Alemanha…
Aliás, é curioso ver como a mesma imprensa que caiu em cima de Lopetegui quando ele, muito legitimamente, se insurgiu contra o assalto de Guimarães, já achou perfeitamente normal e mesmo louváveis os ataques de Marco Silva ao árbitro de Gelsenkirchen ou os de Jorge Jesus ao árbitro do Mónaco – e aqui, sem razão de espécie alguma.
A legitimidade das reclamações, meus caros amigos, não depende do predicado, mas sim do sujeito.

6 Aliás, e just for the record: aquele penalty sobre Jackson não foi o único a favor do Porto que Xistra deixou passar em claro, numa arbitragem de tal maneira inclinada que só não se tornou escandalosa porque o resultado a apagou.

7 Porque à mesma hora jogava o Porto contra o Bilbao, não vi o jogo do Sporting na nossa (dos portistas) bem aventurada Arena Auf Schalke. Só vi as imagens do resumo e os tais lances controversos. O segundo golo dos alemães é off-side, mas daqueles que só se enxergam em repetição lenta. O penalty a favor do Sporting (do tal árbitro que os sportinguistas juram ter sido comprado pela Gazprom), podia muito bem não ter sido assinalado.
E o penalty ao cair do pano que ditou a derrota leonina, não existiu, de facto, e adulterou o resultado final. Mas quem manda ao Jonathan saltar de braço bem aberto em direcção à bola? Ele que, segundo a opinião da insuspeita Leonor Pinhão, já havia metido uma mão à bola, impune, no jogo da Taça contra o Porto? Ele que, segundo julgo lembrar-me, também já havia protagonizado um encontro da bola com a mão, ou vice-versa, e igualmente impune, no jogo de Alvalade contra o Porto e que muitos portistas viram como penalty não assinalado? Não seria mais avisado habituar-se a recolher as mãos?


10 …Pior só a hipocrisia de dizer que (Bruno de Carvalho) não estava disponível para discutir nomes antes de discutir as “propostas” que apresentara para a “regeneração do futebol português”. Claro que não queria discutir nomes, porque os nomes que lá estavam lhe serviam perfeitamente. E, quanto às propostas, esse arrazoado de lugares-comuns e disparates cozinhados em cima do joelho, só me faz lembrar o célebre comentário de Marcelo Caetano à tese de doutoramento do não menos tristemente célebre Professor Soares Martinez: “Olhe, doutor, a sua tese tem partes boas e partes originais. Infelizmente, as partes boas não são originais e as partes originais não são boas”.

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