surripiado do Blog Renovar o Porto
...Foi a entrega do Dragão de Honra a Durão Barroso por Pinto da Costa que me incomodou ... É que nesse aspecto, não tenho nenhuma afinidade com Pinto da Costa, embora o admire em muitos outros. Pessoalmente não fui capaz de encontrar uma razão palpável e de justa objectividade para Pinto da Costa, ou se preferirem, o FC Porto brindar Durão Barroso, um ex-1º.Ministro banal que abandonou literalmente o cargo para ir ocupar outro na União Europeia. Dir-me-ão que não trocou um cargo importante por outro qualquer, é verdade. Mas, e daí? É assim que se credibiliza a responsabilidade política? E o que é que os portugueses ganharam com isso? Prestígio? Não, está claro. Se prestígio houve foi para ele, mas não deixa de ser um prestígio meramente formal, sem qualquer resultado prático para nós e para a própria União Europeia. Prestígio teve-o - porque soube fazer para o merecer - foi Jacques Delors, que teve um papel fundamental na realização do Tratado de Mastricht que esteve na origem da actual União Europeia, e que agora está como sabemos sob a presidência de Barroso... Mas voltemos a Pinto da Costa que é bem mais importante. Eu não gostei do que vi, é verdade, mas eu não tenho o mesmo temperamento, nem a mesma aptidão para negociar adversidades. Ele tem-nas, e nisso supera qualquer um, tanto cá dentro como no estrangeiro. Apesar disso, continuo a pensar que, depois dos vexames públicos a que foi submetido, com a comunicação social em coro a perseguí-lo, a acusá-lo de toda a espécie de ilegalidades, sem que se ouvisse claramente da parte dos governantes uma palavra de repúdio contra a situação, acho despropositada a ideia de distinguir Durão Barroso só porque esteve presente nas finais de Sevilha e de Gelsenkirchen. Vamos lá ver, não terá sido Durão Barroso que procurou colar a sua imagem à carreira de sucesso de FC Porto, ou terá sido por respeito ao clube? Por que não apareceu ele quando Pinto da Costa foi tratado abaixo de cão? São estas "tolerâncias" que me fazem impressão em Pinto da Costa.
É claramente neste tipo de terreno, meio pantanoso, que PC se mexe como poucos. No fundo, é próprio de alguém com um enorme talento para se adaptar a uma sociedade cínica, que não valoriza a frontalidade, que hoje abraça e amanhã já está a enganar, que explica o êxito de PC como dirigente supremo do FC Porto. Ele tem a noção de que para atenuar tensões e ultrapassar os obstáculos que os muitos adversários lhe montam, não pode criar rupturas definitivas. Pinto da Costa, ao contrário dos presidentes dos clubes de Lisboa, nunca teve a comunicação social a apoiá-lo, e muito menos o(s) Governo(s), que como estamos fartos de saber é o mais centralista e castrador da Europa. Neste cenário, que lamentavelmente ainda se mantém, não sei se outra pessoa, mesmo com créditos firmados mas com outras características diferentes de Pinto da Costa teria capacidade para lidar com tanta adversidade e tanto ódio. Por isso, embora discorde de algumas decisões que PC tomou ao longo da sua gloriosa carreira, continuo a sentir uma grande admiração por ele. E mais: creio que lá no fundo, até deve ser um gajo porreiro. Difícil, sim, mas Pinto da Costa é fixe!
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