sábado, 24 de outubro de 2020

Sérgio Conceição- Antevisão do jogo com o Gil Vicente

Sérgio Conceição projetou o FC Porto-Gil Vicente da quinta jornada da Liga (sábado, 20h30)

O FC Porto está de regresso a casa na quinta jornada do campeonato, que reserva uma receção ao Gil Vicente, no Estádio do Dragão, agendada para este sábado (20h30, Sport TV). Na antevisão do desafio que se segue para os campeões nacionais, Sérgio Conceição garantiu que a derrota em Manchester no arranque da Liga dos Campeões já faz parte do passado e que o foco dos azuis e brancos está em regressar aos triunfos depois de três jogos consecutivos sem ganhar: “Amanhã temos a possibilidade de voltar às vitórias e de uma forma sólida, que é o que quero da minha equipa”.
A derrota em Manchester
“Nenhum resultado nos pode ou deve motivar mais do que entrar aqui e representar um clube como o FC Porto, que luta por objetivos claros. Não andamos ao sabor dos resultados. Estamos sempre motivados para o nosso trabalho diário e para os nossos jogos. O jogo da Liga dos Campeões já é passado, já o analisámos e agora estamos concentrados única e exclusivamente no Gil Vicente. A dinâmica e os princípios da equipa estão sempre lá, ainda que uma ou outra situação possa variar estrategicamente, dependendo do adversário. Aquilo que é a nossa forma de jogar, a nossa dinâmica, os nossos princípios e a nossa identidade, estão sempre lá.”
O Gil Vicente
“O Gil Vicente ainda não perdeu e só sofreu um golo. É uma equipa bem organizada, sobretudo defensivamente. Tem uma dinâmica interessante, é compacta a defender e é perigosa no contra-ataque. Não sei se amanhã vai alterar a estratégia, mas isso não podemos controlar. Da nossa parte, está tudo identificado no que diz respeito às individualidades e ao coletivo do Gil Vicente. Cabe-nos encaminhar o jogo para onde queremos. Tem de ser um FC Porto muito forte ofensivamente e equilibrado defensivamente.”
Cinco pontos de atraso para o primeiro lugar
“Não é uma questão de preocupação, mas não devíamos ter perdido esses cinco pontos. Por um motivo ou outro no jogo, perdermos pontos, mas são recuperáveis. Isto é uma maratona e ainda há muito campeonato e muitos pontos em disputa. Exigentes como somos, é óbvio que não queremos perder pontos, mas temos de ir atrás do prejuízo. Cada jogo tem que ser uma final no nosso principal objetivo, que é o campeonato. Amanhã temos a possibilidade de voltar às vitórias e de uma forma sólida, que é o que quero da minha equipa.”
Três jogos consecutivos sem ganhar
“Ganhar amanhã é o primeiro passo para dar a volta, mas não trabalhamos mais ou menos e não estamos mais ou menos motivados por causa de um resultado. Temos um caminho a percorrer e não vai ser sempre um mar de rosas. Este é um momento menos bom em termos de resultados. Na minha opinião, houve um grande FC Porto em Alvalade em vários momentos, tal como em Manchester, mas não vivemos de vitórias morais, vivemos de pontos e de ganhar jogos. A melhor maneira de dar a volta a um momento menos bom é ganhar jogos.”
Os reforços
“Não é fácil chegar a um clube como o FC Porto e entrar de caras. Entrava o Ronaldo, o Messi e mais meia-dúzia de jogadores que se contratasse. Vieram jogadores de realidades diferentes, que não conheciam o país, o grupo de trabalho e a exigência do clube. Há esse tempo de adaptação, mas também há essa urgência de vitórias. Há que ser realista e perceber quem entende melhor o jogo e quem pode fazer aquilo que pretendemos ou pedimos. No início apostei em jogadores que já estavam cá na época passada e que trabalham comigo há anos, o que é normal. No passado até disseram que o FC Porto era como um rolo compressor pelos muitos golos que fazia. Não sou um treinador conservador. Eu jogo sempre para ganhar, que é completamente diferente de ser um treinador conservador.”
Pouco tempo para treinar entre os jogos
“É correr atrás do tempo. É analisar o jogo anterior, analisar o próximo adversário, descansar, recuperar… Hoje é o dia mais difícil para os jogadores que jogaram em Manchester, por exemplo. Eles estão quase parados no campo e nós dizemos aquilo que queremos para o jogo, mas a dinâmica no treino é essencial e é isso que gosto. Quadros e vídeos são bons e bonitos, mas o importante é no campo, onde os jogadores pisam os espaços que vão percorrer. No quadro tudo é muito bonito e muito fácil.”
As exigências depois da Dobradinha em 2019/20
“O FC Porto não tem que jogar o triplo da época passada, mas tem de encontrar soluções para ganhar os jogos. Pode jogar ligeiramente diferente, mas em muitos jogos da época passada jogámos a um nível altíssimo, que não é fácil atingir. Podemos atingir esse nível competitivo, mas temos que encontrar variantes no jogo da equipa para surpreender os adversários.”
Os jogadores novos e a necessidade de ganhar
“O tempo agora é pouco. Quando tenho todo o grupo à disposição, trabalhamos dois ou três dias antes do jogo, como foi com o Sporting. Não posso querer resultados imediatos de jogadores que estão a trabalhar comigo há poucos dias, mas por outro lado há a pressão e a necessidade da conquista dos três pontos. Entre o jogo com o Sporting e com o Manchester City, por exemplo, houve muito pouco tempo para trabalhar. Aos poucos, vamos passando a mensagem e eles vão ouvindo e trabalhando. Ainda vamos ter mais cinco jogos até à próxima paragem para seleções. Se calhar, se estivermos confortáveis num jogo, podemos lançar alguém para adquirir novas sensações. O jogo de amanhã pode tornar-se complicado e, aí, o cenário fica diferente. Existe essa dificuldade entre termos jogadores novos e estarmos constantemente a competir para ganhar.”
As variabilidades no sistema tático
“Os treinadores não podem ter uma forma de ver o jogo e não abdicar do sistema, não pode ser assim. Temos de partir de uma base, mas existe um trabalho e vários momentos num jogo. Olhando para aquilo que era o jogo com o Manchester City, entendemos que era melhor defender daquela forma porque seria a melhor forma para depois atacarmos. Não foi uma novidade e existem sistemas alternativos. Defender com três defesas é diferente e já requer mais trabalho. Esse trabalho é baseado nas características dos jogadores que temos à disposição e não no adversário. A preparação do jogo é sempre feita para o ganhar. É diferente jogar no Dragão para o campeonato ou em Manchester para a Liga dos Campeões. Não sou hipócrita.”
Luis Díaz praticamente de fora e Otávio em dúvida
“Temos alguns problemas físicos, mas mais vale jogar de três em três dias do que estarmos em casa fechados devido a esta terrível pandemia. Os jogos criam mossa nos jogadores e a pré-época foi muito curta para o calendário que temos, mas isso já foi debatido e não entro por aí. O Luis Díaz em princípio está fora. O Otávio ainda vamos reavaliar. Cada hora que passa é importante na evolução.”
As relações entre os jogadores dentro do campo
“Não se pode olhar só para os avançados, mas também para os alas disponíveis e para o duplo pivô que joga. O Otávio é um ala diferente do Luis Díaz, mas não deixa de ser ala. Eles dão coisas diferentes ao jogo. Este equilíbrio e esta relação entre os jogadores é essencial, porque o jogo faz-se muito destas relações entre os jogadores. Se não houver equilíbrio nas características dos jogadores, podemos acabar os jogos a sofrer. Há que olhar para a forma como acabámos o campeonato da época passada e procurei dar continuidade a esse trabalho. Fomos campeões e vencedores da Taça de Portugal. Chegaram três bons avançados e mais um médio, o Grujic. Há mais soluções, mas há esta dificuldade temporal de ter que os inserir e dar algo diferente à equipa. Até pode acontecer amanhã, vamos ver.”
Mehdi Taremi
“Ninguém me aborda na rua, mas normalmente também vou a correr para casa e as pessoas não me apanham. O Taremi é um jogador refinado, que se movimenta muito bem no último terço. Quando chegou, treinou meia-dúzia de dias e depois foi para a seleção. Está a trabalhar como os outros, mas se calhar ainda está a entrar na dinâmica da equipa. O Toni Martínez esteve 15 dias a trabalhar comigo na preparação do jogo com o Sporting, por isso é que foi lançado mais cedo. Só tive o Taremi na sexta-feira e no sábado jogámos com o Sporting. Há papagaios que não sabem o que se passa e que também não se informam. Todos os dias trabalhamos com os jogadores e percebemos o estado deles a todos os níveis. Alguém acha que quero perder ou não colocar em campo um jogador que faça cinco golos num jogo? Não há ninguém no mundo que deteste perder mais do que eu. Fico intratável e até me isolo.”

Sem comentários: