segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A televisão que o Norte precisa

Extracto surripiado de http://www.renovaroporto.blogspot.pt/
...Não ser criterioso, será abrir portas à vulgaridade.
Tenho sérias reservas para pensar que este meu desiderato venha algum dia a concretizar-se, e explico porquê. A comunicação social padece do mesmo mal que afecta a maioria dos portugueses: o medo. O medo é inimigo da liberdade, e é a ausência desta que está a afectar de morte a boa informação. Os media vivem de patrocínios e audiências, mas não podem deles depender demasiado nem se subjugar a elites, ou pseudo-elites, sob pena de se auto-anularem e defraudarem as expectativas do grande público nortenho. As elites não são fiáveis, enganam. De mais a mais, agora que ninguém sabe bem quem são, e onde estão.
Belmiro de Azevedo podia ser uma grande elite do Norte, mas já mostrou não ter perfil para isso. Belmiro quer vender, ponto. Se é Lisboa que manda, muda-se para Lisboa e faz-se-lhe a vontade. Mesmo que por cá deixe ficar a fachada e as sedes das empresas, as decisões tomam-se na capital. Belmiro não é político, é um negociante muito "prático"... Como ele, são a maioria das pessoas do Norte com poder suficiente para se afirmarem nacionalmente. E os políticos do Norte são iguais, medianamente iguais. Mas, que diabo, ainda não andam camuflados, são simples de identificar.
Não se compreende por isso, que o Porto Canal tenha convidado recentemente para debater a orfandade de líderes no Norte um lambe-rabos, chamado Hermínio Loureiro. Custa-me a acreditar que ninguém no Porto Canal, a começar pelos quadros dirigentes, não conheça o perfil camaleónico e vincadamente centralista do autarca de Oliveira de Azemeis, para tomar a triste decisão de convidar protagonista tão imprestável para discutir um assunto tão caro aos nortenhos. Outro dia, foi Marcelo Rebelo de Sousa [outro centralista manhoso], não tarda nada, vamos ter de apanhar com o sósia menor, Marques Mendes, e o Norte só tem a perder com tais escolhas*.
Não se pode criticar no vazio. A política não é uma ciência abstracta, é uma actividade com executores, que são os políticos. A crise tem responsáveis, esses não são o povo, são quem ele elegeu para o governar. As televisões estão cheias de "politólogos" que tiveram responsabilidades políticas fracassadas, e só isso é por si mesmo, uma aberração, uma tautologia, uma deformação. O que pode o público beneficiar ouvindo um, ou muitos incompetentes? À medida que este critério editorial absurdo se repete transmite-se para a opinião pública a ideia [erradíssima] de que a importância das pessoas vem do estatuto e não do uso que se lhe dá.
Gostava imenso que o Porto Canal fosse o canal pioneiro a perceber que o caminho para o sucesso não pode ser esse e que por vezes é preciso mesmo aceitar grandes desafios e fazer rupturas. Romper com a mesmice, diga-se, nem sequer é grande revolução, mas que urge fazê-lo, urge.
* Há que dar oportunidade a quem não tem currículo governativo, a gente respeitável, e com bom "cadastro"... Sim, porque a esse nível [governativo], poucos se podem dar à vaidade de imaginar que governaram bem, que sabiam o que estavam a fazer. Para si próprios, talvez soubessem, para o país, seguramente que não. 

1 comentário:

Dragaoatento disse...

Caro Rui Valente!

Bravo! Continue na sua tarefa ingrata de tentar despertar as consciências do Norte do País.
Completamente de acordo com as ideias expostas no seu "post"!
Só lamento que não sejam eleitas pelo Norte personalidades com os seus critérios!

Cumprimentos,

Armando Monteiro