Eis aqui um extracto do artigo de opinião do Miguel Sousa Tavares no qual ele expressa com grande acuidade, sagacidade e objectividade, os incidentes do passado recente jogo na Luz...! (os sublinhados são da minha autoria)
…Até aos 20 minutos, só deu Porto e o jogo podia ter morrido aí, se Janko tivesse marcado um golo fácil, depois de isolado por Lucho na cara de Artur, ou se Álvaro Pereira não tivesse também desperdiçado a recarga. Com um pouco mais de fé e de insistência, o Porto tinha arrumado ali um Benfica em que a defesa disparatava em pânico, o meio-campo não segurava a bola e o ataque não existia. Depois, um alívio defensivo de costas de Maxi Pereira resultou num balão que sobrevoou meio-campo e foi encontrar Cardozo isolado na área, em jogo por centímetros: Helton salvou. Subitamente, o Benfica começou a ganhar cartões amarelos e livres próximos da área – o que toda a gente sabe que é a sua mais eficaz arma ofensiva. Por culpa própria, o FC Porto perdeu o controlo do jogo e, sem que o Benfica fizesse muito por isso, deixou-se empatar, num golo de sorte à saída de uma bola parada, com vários ressaltos a encontrar outra vez Cardozo isolado e milimetricamente em jogo. Aimar teve também uma boa oportunidade (a única em jogada de bola corrida do Benfica), mas que não chegou a sê-lo porque ele não sabe cabecear. E Moutinho arrancou tinta à trave, na cobrança de um livre que tinha Artur batido. O empate ao intervalo podia até aceitar-se, mas o melhor jogo fora indiscutivelmente do FC Porto.
…Até aos 20 minutos, só deu Porto e o jogo podia ter morrido aí, se Janko tivesse marcado um golo fácil, depois de isolado por Lucho na cara de Artur, ou se Álvaro Pereira não tivesse também desperdiçado a recarga. Com um pouco mais de fé e de insistência, o Porto tinha arrumado ali um Benfica em que a defesa disparatava em pânico, o meio-campo não segurava a bola e o ataque não existia. Depois, um alívio defensivo de costas de Maxi Pereira resultou num balão que sobrevoou meio-campo e foi encontrar Cardozo isolado na área, em jogo por centímetros: Helton salvou. Subitamente, o Benfica começou a ganhar cartões amarelos e livres próximos da área – o que toda a gente sabe que é a sua mais eficaz arma ofensiva. Por culpa própria, o FC Porto perdeu o controlo do jogo e, sem que o Benfica fizesse muito por isso, deixou-se empatar, num golo de sorte à saída de uma bola parada, com vários ressaltos a encontrar outra vez Cardozo isolado e milimetricamente em jogo. Aimar teve também uma boa oportunidade (a única em jogada de bola corrida do Benfica), mas que não chegou a sê-lo porque ele não sabe cabecear. E Moutinho arrancou tinta à trave, na cobrança de um livre que tinha Artur batido. O empate ao intervalo podia até aceitar-se, mas o melhor jogo fora indiscutivelmente do FC Porto.
O Benfica chegou ao 2-1, de novo sem nada fazer por isso, na inevitável cobrança de um livre, mil vezes ensaiado e já visto, mas que Otamendi (tanta insegurança, meu Deus!) ainda não tinha visto: de novo Cardozo, o jogador do Benfica que eu mais temo. Pensei então que o FC Porto podia perder, mas isso não fazia sentido nem tinha ponta de justiça. Felizmente, havia um trunfo guardado: a lesão de Varela não deixava a Vítor Pereira outra hipótese que não meter em jogo James, mesmo com os fusos horários trocados, o sono e o cansaço acumulados. E foi então que Vítor Pereira me surpreendeu pela positiva e talvez pela primeira vez: para a entrada de James fez sair Rolando, confiando que Djalma chegaria para um desinspirado Gaitán, e devolveu Maicon ao seu lugar natural como central. Com isso, ganhou várias coisas: estabilizou o centro da defesa, onde Maicon é neste momento o melhor elemento, corrigindo o erro recorrente de o desperdiçar a lateral, onde é apenas banal; ganhou um defesa-extremo, na pessoa de Djalma; fez entrar aquele que é actualmente o melhor jogador da equipa e o seu grande desequilibrador e que, por uma vez, se percebia que tivesse ficado no banco de início; e, sobretudo, num momento decisivo, mostrou que queria ganhar o jogo, ao contrário de Jorge Jesus. James entrou e, como vem sendo hábito, logo mexeu com o jogo, compensou o abaixamento visível do trio Moutinho-Lucho-Hulk, e lá empatou o jogo, numa grande jogada que iniciou e finalizou, como jamais o Varela ou o Cristian Rodriguez seriam capazes de fazer.
A seguir veio a expulsão de Emerson e, face à suicidária escolha de Gaitán para lateral-esquerdo, Vítor Pereira percebeu que era por ali que podia ganhar o jogo, com Djalma e Huk contra Gaitán e, a espaços, ainda com o reforço de James. E ainda trocou o Moutinho pelo Kléber, reforçando a mensagem passada aos jogadores: agora é para ganhar! E foi. É verdade verdadíssima, que o golo da vitória do Porto, o merecidíssimo golo de Maicon, nasceu em off-side tangencial, que a televisão mostrou, e que ninguém conseguiria enxergar no campo, (excepto, claro, Jorge Jesus). Mas também é verdade que o que decide o jogo é a saída falhada de Artur, e também é verdade, verdadíssima, que, se se derem ao trabalho de rever, verificarão que o livre que dá o segundo golo ao Benfica não existe. É ela por ela. E a convicção de que se não tivesse sido então e assim, o Porto chegaria à vitória doutra maneira e mais logo.
Foi uma vitória merecida de princípio ao fim – no momento da verdade, no jogo do título, contra todas as adversidades e com um a atitude de verdadeiro campeão. Não sei se o FC Porto o será ou não, mas, pelo menos, mostrou que pode vir a sê-lo, contrariando todos os prognósticos (o meu incluído), e finalmente arrancando um grande jogo esta época e dando a todos os portistas uma alegria de há muito tão desejada.
Como disse o meu filho, parecia a equipa do ano passado!
Na hora da vitória, Vítor Pereira foi contido e cavalheiro, mostrando que sabe ganhar. Já Jorge Jesus voltou a mostrar que não sabe perder: descobriu que o FC Porto, além do golo, não teve mais nenhuma oportunidade em toda a primeira parte; descobriu que o segundo golo portista nasceu de uma pretensa falta a oitenta metros de distância, que só ele e o presidente do Benfica enxergaram; conseguiu ver, de onde estava e de frente para um cacho de jogadores em movimento, o off-side no terceiro golo do Porto que “o fiscal de linha não quis marcar”, e descobriu ainda que, a haver um vencedor, “teria de ser o Benfica” (atordoado como estava, nem realizou que tinha havido mesmo um vencedor). Oxalá estejamos a assistir ao remake de um filme que eu já vi a temporada passada e que já sei que acaba bem: a arrogância derrotada pela vontade de vencer.
2 – Mesmo para alguém que não é crente, como eu, às vezes há sinais evidentes de uma justiça, que, se não é divina, é para além dos homens. O Benfica, com a conivência da Liga, montou as coisas de maneira a que o FC Porto chegasse à Luz de rastos para o jogo do título: afinal foram eles que acabaram de rastos (Cardozo, Aimar, Gaitán, Garay) e o FC Porto que começou e terminou galopante, com o supremo toque de sadismo de ter sido o jogador mais massacrado pelo jogo e viajem, apenas 48 horas antes, quem despachou o Benfica, com um golo e assistência para outro.
E, enquanto o Porto triunfava na Luz e assumia o comando isolado da Liga portuguesa, André Villas-Boas – que, sem aviso e em cima da hora, abandonou à sua sorte o clube e o grupo de jogadores que lhe tinham dado tudo o que ele conquistara – consumava o seu falhanço em Inglaterra, despedido por Roman Abrahamovich, após mais uma derrota. Se não é justiça divina anda lá perto.
PS - o vídeo dos Portistas
http://www.youtube.com/watch?v=s468IiJvOvc&feature=related
PS - o vídeo dos Portistas
http://www.youtube.com/watch?v=s468IiJvOvc&feature=related
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