Sérgio Conceição projetou o FC Porto-Gil Vicente da quinta jornada da Liga (sábado, 20h30)
O
FC Porto está de regresso a casa na quinta jornada do campeonato,
que reserva uma receção ao Gil Vicente, no Estádio do Dragão,
agendada para este sábado (20h30, Sport TV). Na antevisão do
desafio que se segue para os campeões nacionais, Sérgio Conceição
garantiu que a derrota em Manchester no arranque da Liga dos Campeões
já faz parte do passado e que o foco dos azuis e brancos está em
regressar aos triunfos depois de três jogos consecutivos sem ganhar:
“Amanhã temos a possibilidade de voltar às vitórias e de uma
forma sólida, que é o que quero da minha equipa”.
A derrota
em Manchester
“Nenhum resultado nos pode ou deve motivar mais
do que entrar aqui e representar um clube como o FC Porto, que luta
por objetivos claros. Não andamos ao sabor dos resultados. Estamos
sempre motivados para o nosso trabalho diário e para os nossos
jogos. O jogo da Liga dos Campeões já é passado, já o analisámos
e agora estamos concentrados única e exclusivamente no Gil Vicente.
A dinâmica e os princípios da equipa estão sempre lá, ainda que
uma ou outra situação possa variar estrategicamente, dependendo do
adversário. Aquilo que é a nossa forma de jogar, a nossa dinâmica,
os nossos princípios e a nossa identidade, estão sempre lá.”
O
Gil Vicente
“O Gil Vicente ainda não perdeu e só sofreu um
golo. É uma equipa bem organizada, sobretudo defensivamente. Tem uma
dinâmica interessante, é compacta a defender e é perigosa no
contra-ataque. Não sei se amanhã vai alterar a estratégia, mas
isso não podemos controlar. Da nossa parte, está tudo identificado
no que diz respeito às individualidades e ao coletivo do Gil
Vicente. Cabe-nos encaminhar o jogo para onde queremos. Tem de ser um
FC Porto muito forte ofensivamente e equilibrado
defensivamente.”
Cinco pontos de atraso para o primeiro
lugar
“Não é uma questão de preocupação, mas não
devíamos ter perdido esses cinco pontos. Por um motivo ou outro no
jogo, perdermos pontos, mas são recuperáveis. Isto é uma maratona
e ainda há muito campeonato e muitos pontos em disputa. Exigentes
como somos, é óbvio que não queremos perder pontos, mas temos de
ir atrás do prejuízo. Cada jogo tem que ser uma final no nosso
principal objetivo, que é o campeonato. Amanhã temos a
possibilidade de voltar às vitórias e de uma forma sólida, que é
o que quero da minha equipa.”
Três jogos consecutivos sem
ganhar
“Ganhar amanhã é o primeiro passo para dar a volta,
mas não trabalhamos mais ou menos e não estamos mais ou menos
motivados por causa de um resultado. Temos um caminho a percorrer e
não vai ser sempre um mar de rosas. Este é um momento menos bom em
termos de resultados. Na minha opinião, houve um grande FC Porto em
Alvalade em vários momentos, tal como em Manchester, mas não
vivemos de vitórias morais, vivemos de pontos e de ganhar jogos. A
melhor maneira de dar a volta a um momento menos bom é ganhar
jogos.”
Os reforços
“Não é fácil chegar a um clube
como o FC Porto e entrar de caras. Entrava o Ronaldo, o Messi e mais
meia-dúzia de jogadores que se contratasse. Vieram jogadores de
realidades diferentes, que não conheciam o país, o grupo de
trabalho e a exigência do clube. Há esse tempo de adaptação, mas
também há essa urgência de vitórias. Há que ser realista e
perceber quem entende melhor o jogo e quem pode fazer aquilo que
pretendemos ou pedimos. No início apostei em jogadores que já
estavam cá na época passada e que trabalham comigo há anos, o que
é normal. No passado até disseram que o FC Porto era como um rolo
compressor pelos muitos golos que fazia. Não sou um treinador
conservador. Eu jogo sempre para ganhar, que é completamente
diferente de ser um treinador conservador.”
Pouco tempo para
treinar entre os jogos
“É correr atrás do tempo. É analisar
o jogo anterior, analisar o próximo adversário, descansar,
recuperar… Hoje é o dia mais difícil para os jogadores que
jogaram em Manchester, por exemplo. Eles estão quase parados no
campo e nós dizemos aquilo que queremos para o jogo, mas a dinâmica
no treino é essencial e é isso que gosto. Quadros e vídeos são
bons e bonitos, mas o importante é no campo, onde os jogadores pisam
os espaços que vão percorrer. No quadro tudo é muito bonito e
muito fácil.”
As exigências depois da Dobradinha em
2019/20
“O FC Porto não tem que jogar o triplo da época
passada, mas tem de encontrar soluções para ganhar os jogos. Pode
jogar ligeiramente diferente, mas em muitos jogos da época passada
jogámos a um nível altíssimo, que não é fácil atingir. Podemos
atingir esse nível competitivo, mas temos que encontrar variantes no
jogo da equipa para surpreender os adversários.”
Os jogadores
novos e a necessidade de ganhar
“O tempo agora é pouco.
Quando tenho todo o grupo à disposição, trabalhamos dois ou três
dias antes do jogo, como foi com o Sporting. Não posso querer
resultados imediatos de jogadores que estão a trabalhar comigo há
poucos dias, mas por outro lado há a pressão e a necessidade da
conquista dos três pontos. Entre o jogo com o Sporting e com o
Manchester City, por exemplo, houve muito pouco tempo para trabalhar.
Aos poucos, vamos passando a mensagem e eles vão ouvindo e
trabalhando. Ainda vamos ter mais cinco jogos até à próxima
paragem para seleções. Se calhar, se estivermos confortáveis num
jogo, podemos lançar alguém para adquirir novas sensações. O jogo
de amanhã pode tornar-se complicado e, aí, o cenário fica
diferente. Existe essa dificuldade entre termos jogadores novos e
estarmos constantemente a competir para ganhar.”
As
variabilidades no sistema tático
“Os treinadores não podem
ter uma forma de ver o jogo e não abdicar do sistema, não pode ser
assim. Temos de partir de uma base, mas existe um trabalho e vários
momentos num jogo. Olhando para aquilo que era o jogo com o
Manchester City, entendemos que era melhor defender daquela forma
porque seria a melhor forma para depois atacarmos. Não foi uma
novidade e existem sistemas alternativos. Defender com três defesas
é diferente e já requer mais trabalho. Esse trabalho é baseado nas
características dos jogadores que temos à disposição e não no
adversário. A preparação do jogo é sempre feita para o ganhar. É
diferente jogar no Dragão para o campeonato ou em Manchester para a
Liga dos Campeões. Não sou hipócrita.”
Luis Díaz
praticamente de fora e Otávio em dúvida
“Temos alguns
problemas físicos, mas mais vale jogar de três em três dias do que
estarmos em casa fechados devido a esta terrível pandemia. Os
jogos criam mossa nos jogadores e a pré-época foi muito curta para
o calendário que temos, mas isso já foi debatido e não entro por
aí. O Luis Díaz em princípio está fora. O Otávio ainda vamos
reavaliar. Cada hora que passa é importante na evolução.”
As
relações entre os jogadores dentro do campo
“Não se pode
olhar só para os avançados, mas também para os alas disponíveis e
para o duplo pivô que joga. O Otávio é um ala diferente do Luis
Díaz, mas não deixa de ser ala. Eles dão coisas diferentes ao
jogo. Este equilíbrio e esta relação entre os jogadores é
essencial, porque o jogo faz-se muito destas relações entre os
jogadores. Se não houver equilíbrio nas características dos
jogadores, podemos acabar os jogos a sofrer. Há que olhar para a
forma como acabámos o campeonato da época passada e procurei dar
continuidade a esse trabalho. Fomos campeões e vencedores da Taça
de Portugal. Chegaram três bons avançados e mais um médio, o
Grujic. Há mais soluções, mas há esta dificuldade temporal de ter
que os inserir e dar algo diferente à equipa. Até pode acontecer
amanhã, vamos ver.”
Mehdi Taremi
“Ninguém me aborda
na rua, mas normalmente também vou a correr para casa e as pessoas
não me apanham. O Taremi é um jogador refinado, que se movimenta
muito bem no último terço. Quando chegou, treinou meia-dúzia de
dias e depois foi para a seleção. Está a trabalhar como os outros,
mas se calhar ainda está a entrar na dinâmica da equipa. O Toni
Martínez esteve 15 dias a trabalhar comigo na preparação do jogo
com o Sporting, por isso é que foi lançado mais cedo. Só tive o
Taremi na sexta-feira e no sábado jogámos com o Sporting. Há
papagaios que não sabem o que se passa e que também não se
informam. Todos os dias trabalhamos com os jogadores e percebemos o
estado deles a todos os níveis. Alguém acha que quero perder ou não
colocar em campo um jogador que faça cinco golos num jogo? Não há
ninguém no mundo que deteste perder mais do que eu. Fico intratável
e até me isolo.”
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