Palha para burros – A resposta à newsletter do Benfica In Dragões Diário
É natural que uma instituição que alcançou os maiores sucessos num tempo em que tinha uma ligação estreita com a ditadura e que tem sido nos últimos anos dirigida por uma pessoa que já foi condenada por roubo e por um grupo de indivíduos que inclui um diretor jurídico que vai ser julgado por corrupção, um diretor do departamento de apoio aos jogadores preso por tráfico de droga e um diretor de futsal fugido durante nove anos à justiça seja uma instituição complexada com o próprio passado e com o presente.
A edição de ontem da newsletter anónima (mas oficial) do Benfica acusa o FC Porto de obter benefícios desportivos de uma alegada prática de pressão sobre as equipas de arbitragem. A mesma publicação, num exercício habitual de revisionismo histórico, aponta ainda o dedo ao FC Porto por “decidir nomeações” e “premiar” uns árbitros e “ameaçar” outros. Convém recordar alguns factos.
Recordamos que não foi o presidente do FC Porto que mandou baixar a nota de um árbitro, num caso em que a nota até baixou mesmo mais do que alguma vez tinha baixado.
Recordamos que não foi o presidente do FC Porto que disse que determinado árbitro “não pode apitar mais” o seu clube e que, como prémio, obteve precisamente a não nomeação desse árbitro para os restantes jogos da época em que essa declaração foi proferida.
Recordamos que não foi o treinador do FC Porto que disse em tom ameaçador que ia “estar atento” à carreira de dois árbitros, que na época seguinte seriam protagonistas de erros graves de arbitragem que beneficiariam a equipa que os ameaçou.
Recordamos que não foram adeptos do FC Porto que partiram os dentes ao árbitro Pedro Proença ou foram condenados por agredirem um árbitro assistente em pleno jogo ou por ameaçarem o árbitro Jorge Sousa.
Recordamos, já agora, que não foi o FC Porto que foi denunciado em tribunal por tentar corromper jogadores do Rio Ave e do Marítimo.
Recordamos que não é o FC Porto que tem um presidente e um vice-presidente arguidos num caso em que se investiga a corrupção de um juiz.
Recordamos que não é o FC Porto que tem o até há bem pouco tempo diretor jurídico pronunciado por corrupção.
Recordamos que não é o FC Porto que está a ser investigado no âmbito do caso Mala Ciao, por corrupção de equipas adversárias.
As vitórias que o Benfica alcançou durante os mandatos de um homem que já foi condenado por roubo são suspeitas porque as autoridades as investigam enquanto tal e porque são conhecidas várias provas que colocam em causa a sua legitimidade. Tudo o que o Benfica comunica sobre a lisura dos desempenhos dos rivais tem como propósito tentar ocultar esta triste realidade e lançar para a casa dos outros a lama em que o clube está atualmente mergulhado. É palha para burros. Há sempre quem a coma.
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