quinta-feira, 16 de julho de 2020

Bom dia campeões!

De casa
O campeão voltou! Faltava um ponto, mas houve três. O FC Porto venceu o Sporting por 2-0, com golos de Danilo e Marega, e selou a 29.ª conquista do campeonato nacional no formato em vigor desde 1934/35. Desta vez, os melhores ganharam. Somos campeões com mérito e justiça inquestionáveis.

As circunstâncias em que este título foi alcançado tornam-no um feito épico, bem à imagem de algumas das maiores façanhas da história centenária do FC Porto. Recordemos alguns factos:

1. 2019/20 está a ser a mais longa temporada de sempre, uma vez que começou a ser preparada a 3 de julho do ano passado, há mais de um ano, e ainda inclui mais três jogos oficiais.

2. A pandemia da covid 19 não só impôs uma paragem longa e inesperada na competição como implicou transformações importantes no quotidiano da equipa e na vida de todos os seus membros.

3. A ausência de público nos jogos que se seguiram à retoma do princípio de junho é uma anormalidade com um impacto sério no grupo, como já foi reconhecido em várias ocasiões.

4. O FC Porto partiu para esta época sem algumas das figuras importantes dos anos anteriores, como Iker Casillas – que ontem esteve no relvado a festejar um título que também é dele –, Éder Militão, Felipe, Herrera e Brahimi.

5. A derrota na primeira jornada – que, como se confirmou ontem, não passou de um percalço ultrapassado com distinção – fez soar as campainhas de quem nos quis traçar um destino quando a procissão ainda nem tinha saído do adro: o FC Porto nunca tinha sido campeão depois de entrar na liga a perder, pregavam com entusiasmo.

6. À terceira jornada, no Estádio da Luz, o FC Porto ia ser goleado, ia ficar a seis pontos da liderança e com o campeonato ainda mais perdido. Lá se safou…

7. Em janeiro, a derrota com o Braga deixava o primeiro lugar a sete pontos de distância e as faixas alheias já podiam ser encomendadas. O xeque-mate aconteceria no mês seguinte, quando o Benfica sairia do Dragão com dez pontos de vantagem sobre o FC Porto – isto foi anunciado, exatamente assim, numa televisão, por uma mente brilhante que para aí anda. Afinal, saiu tudo ao contrário.

8. Entretanto, o FC Porto conseguiu mesmo alcançar o primeiro lugar, mas chegou a pandemia, o futebol parou e a vantagem sobre o Benfica era escassa: um ponto, apenas. Inventaram, então, uma nova ficção: no Dragão ninguém queria a retoma do campeonato. O medo era avassalador, diziam eles, e só havia uma hipótese de o FC Porto ser campeão: na secretaria.

9. Depois, o campeonato lá voltou e o FC Porto até perdeu em Famalicão. As teorias dos iluminados pareciam cada vez mais brilhantes. A partir daí já nada havia a fazer. O destino era inevitável. A Juventus de Portugal ia mesmo chegar lá!

10. E não é tudo, obviamente, mas seria fastidioso enumerar todos os motivos que quem só nos quer mal foi sempre encontrando para nos tentar mandar abaixo. É mais simples resumi-los numa expressão curta: era por tudo e por nada.

Essa gente esquece-se de uma coisa: nós somos o Porto. Nós temos o melhor presidente da história do futebol. Nós temos um treinador excecional. Nós temos uma grande equipa. Nós temos adeptos únicos. Nós temos uma causa que é muito maior do que qualquer um de nós. Nós damos tudo por ela.

Na noite em que celebrou o 22.º campeonato na qualidade de presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa dedicou a vitória aos adeptos que passam por mais dificuldades e que encontram neste triunfo um motivo raro de alegria: “Fico feliz por saber que o FC Porto ajudou a dar felicidade a pessoas que não têm razões para sorrir”.

O presidente revelou ainda, em primeira mão, o início do texto que vai assinar na próxima edição da Dragões, e que é um belo resumo do que se passou ao longo deste campeonato: “Eu, presidente do FC Porto, acreditei. Tu, Dragão de coração, acreditaste. Ele, Sérgio Conceição, acreditou. Nós, grupo de trabalho, acreditámos. Vós, adeptos e simpatizantes, acreditastes. Eles, cartilheiros, nem querem acreditar”.

Uma figura maior deste sucesso é, obviamente, Sérgio Conceição. Campeão nacional como treinador pela segunda vez – e sabemos bem o que foi feito para que não fosse tricampeão… –, junta-se ao ilustre grupo dos técnicos do FC Porto que repetiram a façanha de conquistar a mais importante competição nacional. Os outros foram Mihaly Siska, José Maria Pedroto, Artur Jorge, Carlos Alberto Silva, Bobby Robson, António Oliveira, José Mourinho, Jesualdo Ferreira e Vítor Pereira.

Para o antigo extremo, este título pode ser definido numa palavra: “União”. O campeonato foi “atípico”, mas os jogadores e todos os que os rodearam “acreditaram sempre, mesmo em momentos difíceis” e “nunca deixaram de ser ambiciosos”. Nunca deixaram, não deixam e não deixarão, porque em vista já está um novo objetivo: “O jogo mais importante a partir de agora é o da final da Taça de Portugal”.

As emoções suscitadas por esta conquista foram partilhadas por vários jogadores, mas há um que merece ser destacado por uma razão especial: aos 37 anos, Pepe foi campeão no FC Porto pela terceira vez, 13 anos depois da segunda. É um registo notável, só por si revelador da ligação forte entre o central e o clube, que passa também por uma simbiose com um espaço concreto: “Todos nos identificamos muito com a região Norte. Nas horas de sacrifício dentro do campo, vamos buscar aquele bocadinho de força a mais para podermos superar as dificuldades”.

É assim o FC Porto, uma comunidade forte, coesa e ambiciosa, que a partir do Porto e do Norte está aberta ao mundo inteiro, porque as fronteiras de Portugal já há muito deixaram ser um limite à altura da dimensão deste clube. Somos os melhores e estamos de parabéns. Merecemos esta felicidade e até estamos dispostos a partilhá-la com quem a vaticinou impossível: “Binde pá festa!”.




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