domingo, 21 de dezembro de 2008

Já estão todos assustados porque podemos voltar a ganhar em 2008/2009

Considerações do Jesualdo Ferreira
A missão é vencer o Marítimo para não dar margem de manobra ao Benfica, numa altura em que o FC Porto pode alcançar dez vitórias consecutivas. O melhor período sucede a uma fase menos boa e os resultados começam a levantar algumas preocupações nos outros, segundo Jesualdo, que se congratulou com a estratégia seguida.
Nos últimos 10 anos, o FC Porto só não liderou uma vez em Dezembro, mas agora está numa espiral de vitórias e joga antes do Benfica. Isso permite pressionar quem está em primeiro?
Perseguimos o primeiro lugar, mas não encontramos nesse cenário mais ou menos motivação do que aquela a que estamos obrigados em qualquer jogo. Não conseguimos chegar a esta altura com a mesma vantagem das duas últimas épocas por demérito nosso e por mérito dos adversários. Vamos defrontar o Marítimo, um adversário difícil, que respeitamos muito, porque é importante que se perceba que o Marítimo, até ao último jogo que fez com o Benfica, no campeonato, era a defesa menos batida da prova, tinha um registo muito bom fora, com três vitórias e um empate em cinco jogos, e um golo sofrido. Vai obrigar-nos a jogar, se calhar, melhor ainda. Agora, à medida que nos vamos aproximando dos nossos objectivos, mais nos mobilizamos. Estamos a dois pontos do líder e queremos chegar rapidamente à liderança. Não dependemos de nós e, por isso, temos apenas a missão de ganhar o jogo.

Qual é o sentimento quando olha para trás e passa de uma sequência de jogos menos bons e chega aqui a dois pontos do líder?
Acho que aquilo que foi dito sobre o FC Porto, o seu treinador e alguns jogadores teve alguma razão de ser, porque o FC Porto perdeu e porque normalmente não perde; ganha. Estamos num país em que existem três equipas grandes que são tratadas de forma diferente. Acho mau, mas não tenho nada a ver com isso. Às vezes, fica no ar aquele sentimento de pouca seriedade, que é uma coisa que me assusta. Quando o FC Porto perdeu, encontraram razões da derrota sem se preocuparem em fazer uma análise crítica correcta, optando pelo mais fácil, que é dizer mal. Depois, o FC Porto começou a ganhar e as pessoas ficaram com dificuldade para explicar, porque, se tivessem feito uma análise séria, teriam sabido explicar. Mas, como não a fizeram, deixaram de ter argumentos. O meu sentimento foi sempre de serenidade, porque nunca perdemos o norte, tínhamos uma estratégia e cumprí-mo-la.
Então, que balanço faz nesta altura?
Olhando para trás, acho inevitável o que se passou. Talvez não as três derrotas, mas os solavancos que a equipa teve, porque, quando o FC Porto perdeu, a observação feita foi a de que os jogadores não prestavam, que as outras equipas eram muito mais fortes. Ninguém foi capaz de fazer uma análise para saber porque é que os jogadores que chegaram tiveram aquelas prestações. Nos últimos dois anos, saíram cinco jogadores do FC Porto que praticamente cresceram cá, como Pepe, Anderson, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. A equipa ganhou o campeonato no primeiro ano, no segundo e, agora, está toda a gente assustada, porque podemos ganhar o terceiro. Para além disso, apurou-se na Champions com jogadores que toda a gente qualificou de mediana e até baixa qualidade. Teria sido muito fácil substituir os cinco que saíram por outros com a mesma qualidade, com os mesmos milhões, mas o FC Porto não pode fazer isso.
"Somos os únicos nas quatro provas"
A luta pelo primeiro lugar do campeonato está longe de ser a única preocupação de Jesualdo Ferreira, que sublinhou o facto do FC Porto ser a única equipa portuguesa envolvida em quatro frentes. Por isso, o mais importante é continuar a trabalhar e a fazer uma boa gestão do plantel para tirar o máximo rendimento dos jogadores, de modo a concretizar os objectivos traçados. "O patamar em que estamos está longe daquilo que pensamos que a equipa pode vir a ser. É uma questão de trabalho e de confiança. Sofremos muito para chegar até aqui, mas estou certo de que vamos prosseguir com melhor rendimento, outra continuidade e mais capacidade de controlo, numa gestão de equipa que tem de ser criteriosa, objectiva e ambiciosa. O FC Porto é o único candidato às quatro provas em que está inserido e há que ter a capacidade de estar nelas com dignidade e espírito vencedor", comentou.
"Por mim, a pausa seria mais longa"
A paragem do campeonato é um tema que não assusta Jesualdo Ferreira, adepto de uma pausa mais dilatada até do que os dias previstos no calendário. Sem caçar fantasmas do passado, o técnico transmitiu a ideia de que tudo não passa de uma questão de organização em benefício da qualidade do futebol. Com a gestão da equipa em tantas provas, é quase impossível não falar nas vantagens e nos inconvenientes da paragem do campeonato para o FC Porto... "A paragem no campeonato é igual para todos. Sou a favor de uma pausa nesta altura e mais próxima da que aconteceu noutros anos. Apenas pretendo que as estruturas responsáveis pelo futebol a traduzam no calendário, de maneira a que preservem a qualidade de jogo que as equipas apresentam antes e depois das paragens programadas. Temos seis dias de descanso e vamos aproveitá-los bem. Temos de gerir os nossos processos para evitar que as perdas não sejam significativas e estou seguro de que tal não acontecerá. Mas, repito: continuo a defender uma pausa mais longa para esta altura. Num momento de crise, com tantos jogos, até nem era mau que as pessoas descansassem e não gastassem tanto dinheiro com o futebol".
Mas ficou alguma coisa em termos anímicos, perante as dificuldades experimentadas no passado?
Há dois anos, chegámos a Janeiro com oito pontos de avanço [n.d.r. foram cinco] na primeira volta, depois houve uma quebra e acabámos por ganhar o campeonato com algum sofrimento. Apontaram-se as férias como factor prejudicial. No ano passado, essas mesmas férias já não tiveram a mesma importância. Este ano as coisas foram diferentes. Até aqui, fomos piores, menos capazes e menos competentes do que na época passada e isso é da nossa responsabilidade. O que sentimos, agora, é obrigação de sermos mais fortes, desde que perdemos o espaço a que estávamos mais habituados.

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