Pegando um pouco nesta experiência nos sub-17, que tipo de treinador é o Pedro Emanuel?
Não mudei, sou igual ao que era enquanto jogador. Sou uma pessoa tranquila e que gosta de ter um bom relacionamento com o grupo de trabalho, factor que para mim é fundamental. Aqui, nos sub-17, os jogadores sabem que podem falar comigo sobre tudo. Tento passar-lhe os ensinamentos que tive durente anos e explicar-lhes a melhor forma de trabalharem os aspectos menos positivos. Para além disso, gosto de ver bom futebol, gosto que os jogadores retirem prazer do jogo, gosto que a minha equipa tenha a bola... E nestas idades, é importante introduzir o divertimento dentro da responsabilidade.
O que o motiva na carreira de treinador?
A paixão pelo futebol, sem dúvida, mas também o facto de querer aprender tudo aquilo que o futebol ainda me pode ensinar. Para além disso, tenho uma grande paixão por esta relação humana que existe, não só a nível individual, mas também a dinâmica de um grupo de trabalho, porque sou uma pessoa extremamente sociável. Sou muito exigente naquilo que faço, mas também tenho uma grande paixão pela minha profissão.
Quais são os seus planos e sonhos a médio/longo prazo?
Todos traçamos os nossos objectivos e eu também tenho os meus, mas nunca fui pessoa de subir dois degraus de cada vez. Quero preparar-me bem para o futuro, evoluir de uma forma sustentada e pensada, porque gosto de dominar muito bem aquilo que faço.
Há ensinamentos que retira desta experiência...?
Há ensinamentos que retira desta experiência...?
Aprendi muito. Ainda ontem, na conversa que temos diariamente, disse isso aos jogadores. Estou aqui para os ajudar, mas também para receber o muito que eles me podem ensinar. Trabalhar com jovens de 16/17 anos tem sido fantástico e eles percebem que estão aqui para evoluir em todos os aspectos, não só técnicos, tácticos ou físicos, mas essencialmente como homens. Para nós, é muito importante que eles também tenham sucesso na escola. Se forem jogadores profissionais é óptimo, mas se não conseguirem, podemos orgulhar-nos de lhes termos dado todas as condições para eles se prepararem para as exigências da vida.
É mais fácil comandar um grupo de miúdos ou de seniores?
É completamente distinto. Temos de ter cuidado com a forma como falamos com os mais novos, porque estão moldar as suas personalidades. Quando lidamos com homens feitos, exige-se outro tipo de discurso.
Foi jogador, agora é treinador. A perspectiva mudou muito?
É oposta. Enquanto jogadores, somos sempre um pouco egocêntricos. É normal, porque os jogadores querem jogar, pensam que são melhores. A perspectiva do treinador é mais abrangente e gerir um grupo com 24/25 jogadores nunca é fácil.
Há alguma situação em que tenha ficado chateado com uma opção de um treinador e que agora perceba melhor?
Tive muitas... Aliás, quando não jogava ficava sempre chateado com o treinador [risos]. Actualmente, quando digo os que vão jogar, aqueles que não são escolhidos olham sempre com cara de chateados como quem diz 'este tipo não percebe nada disto'. Ficava aquela azia momentânea, mas que passava rápido. No meu caso funcionava como uma motivação-extra. E este é um dos problemas de muitos jogadores: quando não jogam, começam a desleixar-se e a trabalhar mal, e quando surge uma oportunidade não estão devidamente preparados, acabando por dar razão ao treinador. Quem não joga tem de trabalhar ainda mais, para obrigar os que jogam a continuar bem, sob risco de perderem o lugar. Esta tem de ser a dinâmica de um grupo, ainda mais no FC Porto, que tem muitos jogos por época.
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