quarta-feira, 14 de julho de 2010

Os métodos de Villas-Boas

Regra única: futebol de primeira
No final do primeiro jogo particular do estágio, com o Preussen, André Villas-Boas falou na mudança de estilo de jogo e, ontem, deu para perceber um pouco daquilo que o treinador pretende introduzir nesta nova versão do FC Porto: quer futebol ao primeiro toque, com movimentações constantes de todos os jogadores na procura de espaços, e tudo feito sempre com a máxima velocidade possível. Se a passagem da teoria à prática der certo, o resultado final pode ser um futebol empolgante e sem tempos mortos, capaz de dominar o adversário em largos períodos dos jogos. Como a Espanha fez no Mundial.
O treino da manhã de ontem - aberto na primeira meia hora, tal como nos outros dias - mostrou um exercício capaz de explicar as ideias do treinador. E convém, desde já, destacar a participação de todos os jogadores no exercício, mesmo os quatro guarda-redes que se encontram a trabalhar na Alemanha: Helton, Kieszek, Ventura e Samir. Divididos os jogadores em dois grupos, o esquema começou com um passe a partir de trás, recepção mais à frente e várias trocas de bola, acompanhada pela deslocação rápida dos jogadores, e terminando com um cruzamento ou remate. Villas-Boas e Vítor Pereira acompanharam de perto as movimentações dos atletas, pedindo sempre muita rapidez e qualidade no passe. Este último detalhe, aliás, tem sido uma constante em Marienfeld.
João Moutinho, mais uma vez, mostrou estar à vontade neste tipo de exercício. Passes medidos com regra e esquadro são, sem dúvida, uma especialidade do médio contratado ao Sporting. Mas o ex-leão não foi o único a evidenciar-se.
Também Rúben Micael esteve em plano de destaque na qualidade do passe. O facto de todos os jogadores participarem no exercício, passando pelos vários pontos do esquema (no passe, na recepção, no cruzamento ou no remate), deixa antever uma espécie de carrossel em que ninguém fica parado, multiplicando as linhas de passe. Os guarda-redes iniciaram todo o trabalho, ao lançarem a bola com a mão ou com o pé para o primeiro posto de recepção, desenvolvendo-se a partir daí toda a jogada. Durante seis minutos exactos os jogadores puseram em prática as ideias do treinador. Surpreender o adversário, mas com organização colectiva, parece ser a palavra de ordem deste novo FC Porto.
Estimular a criatividade dos jogadores através de duelos individuais foi o outro exercício que ajudou a preencher a parte da manhã em Marienfeld. Com balizas pequenas, um jogador tinha de passar pelo outro e fazer golo, fosse defesa, médio ou avançado. Como é natural, os tecnicistas sentiram-se à vontade, recorrendo a uma panóplia de fintas e truques, embora os defesas tenham tentado também desenvolver a criatividade. Tudo feito em velocidade, claro, como André tanto gosta.
PEDRO MARQUES COSTA/TOMAZ ANDRADE, ENVIADOS A MARIENFELD (ALEMANHA) n’OJOGO

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