terça-feira, 17 de julho de 2012

As opiniões de Miguel Sousa Tavares

Porque de certo modo partilho das opiniões do Miguel Sousa Tavares, resolvi publicar aqui este extracto do artigo
 "Marés de Julho"
…o FC Porto entrou de mansinho, numa grande indefinição e confusão estratégica e táctica, com cada um a tentar mostrar serviço por si e nem sombra de equipa. E, embora a coisa nos deixe vagamente preocupados, diz-nos a experiência que é melhor assim. O Benfica de Jesus entra sempre a todo o vapor, faz dois ou três meses que impressionam e assustam… e depois dá o berro: ficam a reclamar com os árbitros e a lamentar conspirações, incapazes de ir mais além. Já o FC Porto vai crescendo em competição, aguentando-se nos primeiros tempos, à espera de explodir no momento decisivo, em que as épocas se decidem. Os benfiquistas, já se sabe, hão-de ficar eternamente a queixar-se de que só não foram campeões na época passada porque, no decisivo jogo da Luz, contra o FC Porto, o juiz de linha não correu a tempo de poder ver o cabeceamento decisivo de Maicon em fora-de-jogo. Mas é claro que não se lembram nem que o segundo golo do Benfica resultou dum livre inexistente, nem, sobretudo, que a única equipa que, desde o primeiro minuto, mostrou vontade e capacidade de ganhar o jogo foi o FC Porto.
Daquilo que vi, destes dois primeiros e inofensivos jogos do FC Porto, concluídos com duas vitórias [a última das quais injustíssima (aqui não concordamos) ] , foi que há por ali muito talento para ser trabalhado, e aproveitado ou desperdiçado, convivendo com apostas reiteradas que não levarão a lado algum. Gente como Kleber, Janko, Defour, nunca passará da cepa torta: (aqui também não: Kleber e Defour parecem-me promissores) são jogadores banais, que, aqui ou acolá, poderão ser úteis, mas jamais sairão da vulgaridade. Castro e Mangala, por exemplo, tardam em mostrar o que valem, se é que valem. Otamendi tarda em dar confiança de princípio a fim, e Fernando continua a fazer apenas um bom jogo em cada três 
(este também me parece exagerado) . Em contra-partida, e como já se sabia, é lá na frente, e nos flancos, que o FC Porto tem concentradas as suas mais valias. Cristian Atsu (muito promissor afirmo eu), com um treinador minimamente competente, vai ser um fora-de-série, e eu espero, rezo por tudo, que Vítor Pereira não se lembre de o pôr a rodar algures mais um ano: só os treinadores fracos têm medo dos grandes jogadores. James (que Vítor Pereira demorou meio ano a perceber o que valia) está, e muito bem, a ser testado como número 10, libertando uma vaga na ponta-esquerda, para onde existem demasiados candidatos. Kelvin e Iturbe são dois meninos-maravilha, a quem falta aprenderem a jogar para a equipa e que desesperadamente anseiam por um treinador que lhes ensine isso e os saiba fazer crescer. Infelizmente, todos estes talentos somam-se a Hulk (se ficar), a Varela, a Djalma e ao próprio James, para, tal como sucede no Benfica, formar um pequeno exército de extremos que está em excesso num plantel normal (e infelizmente já lá não está Cristian Rodriguez, assim evitando mais tentações e opções absurdas de Vítor Pereira). Parece fatal que algum ou alguns deles venham a ser dispensados, emprestados, ou oferecidos ao Braga, como sucedeu com Beto (com a extraordinária salva-guarda de, em caso de venda, o Braga que o recebeu de borla, ter direito a 50%). Será uma pena se isso suceder, mas é o que normalmente acontece quando se compra demais. Resolvida (?) a questão do ponta-de-lança, a este FC Porto continua a faltar um grande médio de ataque, e mais ainda se, como parece inevitável, Moutinho vier a ser, juntamente com Hulk, um dos jogadores a ser vendido daqui até 31 de Agosto. Mesmo que James venha a ser um sucesso como número10, e mesmo que Moutinho afinal não saia, eles e Lucho são pouco para um sector tão decisivo (exigente digo eu) como o meio-campo. O que torna mais incompreensível ainda que um jogador como Belluschi (tb aqui não concordamos) esteja a ser oferecido a preço de saldo. Enfim, parece-me que falta alguém de rendimento indiscutível no centro da defesa, ao lado de Maicon. Otamendi ainda não me convenceu, Mangala talvez lá chegue, talvez não, e Rolando, que fez uma má época, diz-se que vai para um dos grandes de Itália – coisa em que não acredito. Mas está aí à venda, e barato, o que foi um grande central no Vitória de Guimarães, antes de se ter mudado para o Colónia. Chama-se Geromel (tb aqui o citado já era) e talvez merecesse a atenção de quem decide as compras no FC Porto.

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