segunda-feira, 5 de maio de 2008

FC Porto 3 de Maio de 2008 Análises

Jokanovic percebeu a importância de travar as transições rápidas que caracterizam o futebol ofensivo dos portistas e fê-lo apostando no superpovoamento do seu meio-campo. Com um esquema de três centrais - Filipe Lopes, Cardozo e Ricardo Fernandes - o Nacional libertava Patacas e Alonso para a exploração das alas, garantindo a superioridade numérica nos duelos com o meio-campo portista, ao mesmo tempo que assegurava o municiamento de Fábio Coentrão e Rodrigo, que lutavam de igual para igual com Bruno Alves e Pedro Emanuel. Esta é a explicação táctica para a forma como o Nacional conseguiu dar um nó cego nos tricampeões nacionais. O que não tem explicação é a sucessão de erros cometidos pelos jogadores de Jesualdo Ferreira, perante o desespero deste. Passes errados, intercepções falhadas, cruzamentos sem sentido e perdas de bola inexplicáveis facilitaram a vida dos madeirenses até tornarem inevitável a goleada que reflecte fielmente aquela que foi a pior exibição do FC Porto ao longo da temporada. Entretanto, é justo reconhecer que, se os três golos do Nacional nasceram de outras tantas asneiras dos portistas, também foram o resultado da arte e engenho dos madeirenses e de Fábio Coentrão em particular.

É de atletas assim que o FC Porto precisa!

2,5 Filipe Lopes - Foi a grande surpresa no "onze". É um jovem valor, mas nunca se deixou impressionar com o adversário e a moldura humana do estádio. Fez valer a sua estatura elevada, varrendo quase todos os raides aéreos na direcção da baliza nacionalista. Num desvio oportuno de cabeça, chegou a roçar o golo.

3,5 Cardozo - Imponente do ponto de vista físico, comandou a defesa com segurança, assumindo dimensões assustadoras para os atacantes contrários. Implacável no um contra um, quase transformou Lisandro num jogador banal e ainda apareceu na área do FC Porto a causar perigo na sequência de um livre. Só não lhe saiu bem a direcção do remate, desferido de cabeça.

2,5 Ricardo Fernandes - É duro como uma rocha e fartou-se de destruir as ondas ofensivas do adversário. Bem sintonizado com os companheiros do sector, cumpriu bem a missão de aguentar a suposta pressão inicial dos visitados, sempre de olho em Lisandro, como manda a lei. Nas dobras, esteve impecável.

Os textos acima trazem-me à memória uma célebre equipa do Milan, na qual militavam 3 jogadores (holandeses) altos possantes, com grande capacidade de choque e muitos atributos técnicos : Van Basten, Gullit e Rijkaard . Eles na sua época foram responsáveis, carregando com a equipa às costas, por quase uma década de êxitos que a equipa do Milan conquistou.

Toda a gente sabe, ou pelo menos as pessoas que gostam de futebol, que o futebol que se pratica na Champions League é um futebol muito técnico, mas também iminentemente físico.

No caso em apreço e que me interessa, o FC Porto, torna-se necessário os responsáveis do clube providenciarem no sentido de contratarem atletas que preencham as condições exigidas.
Pois se até o Nacional da Madeira consegue dispor de três centrais altos, possantes e tècnicamente evoluídos, porque não há-de o FC Porto ter também nas suas fileiras jogadores com essas características?!
E a questão é esta! É notório nesta equipa do FC Porto um certo défice de jogadores altos bons no jogo aéreo. Alto e a jogar bem de cabeça pràticamente só temos o Bruno Alves! E por via disso o muito fraco aproveitamento dos lances de bola parada.

Ora o FC Porto até já dispõe de :
Bolatti. Mostrou poder tornar-se uma clara mais-valia. Pela primeira amostra, aliás, o argentino afirma-se como o principal reforço da época. Trata-se de um número 6 clássico, um trinco com excelente cultura táctica. Funciona como uma referência defensiva, nunca perde o sentido posicional, não concede espaços pelo centro, recupera inúmeras bolas, sai a jogar rápido e de uma forma simples. Não é um médio de grandes cavalgadas, não tem ambições ofensivas, mas até por ser muito alto é reforço.
Kazmierczak. Não é propriamente um desconhecido, mas integrado numa nova realidade não perdeu as boas referências. Sobretudo ao nível do remate. Tentou duas vezes a finalização, numa delas à meia-volta para boa defesa de Nuno, noutra num remate torto. Por aí deu boas indicações. De resto defendeu e atacou em proporções iguais, jogou simples e mostrou a habitual largura de acção.

2 comentários:

Paulo Pereira disse...

Concordo por inteiro com a apreciação em relação a Kaz. Agrada-me sobremaneira o jogador polaco, pelo poder físico k faz a diferença num meio campo a carecer de imponência...

Essa tua ideia, em relação a defesas altos e fortes, é similar a uma de Mourinho, k sempre mostrou predilecção por laterais de elevado porte, capazes de melhor lerem o jogo...

No entanto, a nível de centrais, quer-me parecer k o Porto está bem servido, quer a nível qualitativo, quer em termos de estampa física. B.Alves, P.Emanuel, Stepanov e o recém-contratado Rolando são capazes de aportar essa mais valia...

Abraço,

Paulo Pereira disse...

Claro k me apercebi da referência:)

Aliás, essa equipa era fantástica, com o talento explosivo da Selecção holandesa. Um defesa, um médio e um avançado. Tres peças nucleares na equipa....