19/12/2010 - Digno de registo um invejável ciclo em que não entram derrotas e que se estende já ao longo de 36 jogos. O FC Porto venceu por 3-0, mas a lista de marcadores deveria ser mais extensa e incluir outros nomes, além dos de Otamendi, Hulk e Walter. No último desafio do ano colocado por André Villas-Boas à equipa, foi a vez do Paços de Ferreira tombar.
Ensaios ou preliminares não foram necessários, ainda que a chuva e o frio recomendassem um período de aclimatização, mesmo que breve. Mas não. Em poucos minutos, o líder estava diante do golo. Entrou forte, num registo enérgico e rigoroso, que não reservava tempo para o adversário respirar ou se recompor de uma sequência alucinante de lances de perigo, que faziam da vantagem portista uma inevitabilidade.
Depois das ameaças de Falcao e Sapunaru, Otamendi marcou mesmo, na sequência de um livre cobrado por Hulk. Fê-lo de cabeça e com cabeça, surgindo isolado na área, de forma inesperada e inteligente, ao aproveitar a dupla marcação mobilizada por Falcao. O cabeceamento, que todos esperavam do colombiano, foi, afinal, do central argentino. Fulminante e indefensável.
Ritmo, configuração e sentido de jogo não sofreram qualquer alteração após o golo, que esteve para acontecer de novo para os Dragões. Falcao acertou no poste, já depois de tirar Cássio do caminho, e Hulk passou por todos, excepto pelo guarda-redes do Paços de Ferreira, que, deitado para o lado errado, negou, com o pé direito, a oportunidade de remate, com redes desertas, ao brasileiro.
O Paços de Ferreira, que alimentava a pretensão de entrar para a história na pele do primeiro opositor a derrotar o FC Porto, não fazia muito mais do que defender, conseguindo criar a primeira situação de perigo já para lá da meia-hora, instante que Otamendi resolveu a dois tempos, num misto que combinou audácia e valentia, e poupou qualquer reacção a Helton.
A resposta pacense ficou adiada para o reatamento, quando, por fim, se jogava nos dois lados do relvado. Mas o FC Porto logo reequilibrou, antes de o jogo quebrar em dois, com as equipas a desenvolverem à vez o ataque, sustentado, maioritariamente, em transições rápidas, sem que delas resultasse algo de novo. Só quando se jogava tempo extra, Hulk, na transformação de uma grande penalidade, e Walter, assistido pelo primeiro, fizeram os golos que o desequilíbrio profundo da primeira parte havia negado aos Dragões.
FICHA DE JOGO - Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira
Árbitro: Artur Soares Dias (Porto) - Assistentes: Bertino Miranda e Rui Licínio - Quarto Árbitro: Rui Silva
PAÇOS DE FERREIRA: Cássio; Baiano, Filipe Anunciação «cap.», Bura e Jorginho; André Leão, Bruno de Paula e Leonel Olímpio; Manuel José, Mário Rondon e Pizzi
Substituições: Manuel José por Nélson Oliveira (62m), Bruno de Paula por David Simão (70m) e Pizzi por Amond (80m)
Não utilizados: António Filipe, Samuel, Nuno Santos e Pedro Queirós
Treinador: Rui Vitória
FC PORTO: Helton «cap.»; Sapunaru, Rolando, Otamendi e Alvaro; Guarín, Belluschi e João Moutinho; Hulk, Falcao e James
Substituições: Falcao por Walter (46m), James por Souza (60) e Belluschi por Maicon (90m)
Não utilizados: Kieszek, Fucile, Castro e Rúben Micael
Treinador: André Villas-Boas
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Otamendi (10m), Hulk (90+2m) e Walter (90+4m)
Disciplina: cartão amarelo a Otamendi (32m), Pizzi (38m), André Leão (53m), James (59m), Leonel Olímpio (60m), Filipe Anunciação (63m), Walter (72m), Alvaro (90m) e David Simão (90+4m)
Declarações - No rescaldo da vitória que permitiu ao FC Porto manter oito pontos de avanço na liderança da Liga, André Villas-Boas destacou o esforço da equipa e perspectivou já o mês de Janeiro. O guarda-redes Helton admitiu que foi preciso «sofrer» para segurar a vantagem até ao momento em que os Dragões chegaram ao 2-0.
André Villas-Boas: «Na primeira parte, tivemos oportunidades para construir uma vantagem mais confortável. Estivemos sempre no limite até ao 2-0. Tentámos acertar a equipa em termos estruturais, mas foi difícil, perante um Paços de Ferreira agressivo e em crescendo, alternando jogo curto e directo. Fizeram uma excelente segunda parte que podia ter dado outro resultado. O Falcao saiu ao intervalo por fadiga extrema, o músculo estava no limite para poder ceder e não podíamos arriscar. Vem aí a fase mais decisiva da época, são cinco meses em que se decidem os títulos. Vamos ter um mês de Janeiro muito intenso, com jogos para o campeonato, Taça e Taça da Liga. Recebemos o Nacional a 2 de Janeiro e depois temos três jogos em casa que são muito importantes para nós. Pode ser um Janeiro forte se viermos conscientes do trabalho que temos pela frente. Conseguimos o objectivo de chegar ao Natal com uma margem importante e esperamos voltar focalizados nos objectivos».
Helton: «Ficou bem clara a disposição e a entrega do grupo em busca de um resultado como este. Tivemos algumas oportunidades na primeira parte para marcar mais golos. O importante é que o grupo soube sofrer nos momentos mais complicados e conseguimos o objectivo, que era a vitória».
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