Vantagem mínima, pontuação máxima. Com um golo, o 12.º de Hulk na Liga, o líder repôs distâncias, superando a custo a oposição do Vitória, que jogou persistentemente para o empate e terminou derrotado. Até pela sorte, que fez o especial favor de sorrir a quem mais fizera por ela. Em boa verdade, o FC Porto não merecia o sofrimento do 90.º minuto, justificando, muito antes dele, o descanso dum triunfo mais amplo.
Ascendente portista claro e gritante, fluxo de jogo proporcional, direccionado às redes de Setúbal. Nem sequer foram precisos ensaios ou um breve período de estudo mútuo, que se revelaria absolutamente supérfluo. Em segundos, o FC Porto retomava a procura do golo, interrompida quatro dias antes, em Viena, ao apito final.
Montado numa estratégia assumidamente defensiva, o adversário recuava, compacto e equilibrado, reduzindo o espaço jogável e obrigando o líder a repensar a abordagem e a reinventar linhas de passe. Ainda mais atrás, Diego adiava a vantagem azul e branca. Recorrendo, por vezes, a uma admirável capacidade teatral para protelar cada pontapé de baliza e, noutras, a um número significativo de grandes defesas. Num só minuto, o sétimo, negou o golo por três vezes, a Fucile, Rodríguez e Guarín. Cada um na sua vez. Curiosamente, Helton viu o cartão amarelo na primeira e única vez que prolongou uma reposição de bola.
Um livre directo superiormente transformado por Belluschi, durante o qual o guarda-redes do Vitória de Setúbal se limitou a assistir à trajectória da bola, devolvida violentamente pela trave, serviu de prenúncio. Todos os obstáculos humanos tinham sido superados, por fim. Dois minutos depois do sinal, aos 43, Hulk convertia a grande penalidade, que castigava um derrube a Falcao. E de nada serviu a Diego adivinhar o lado, porque o remate saiu colocado, fora do seu alcance.
Mais do mesmo, na segunda parte. Mas com uma nuance: a resposta do Setúbal, que não obedecia a ritmo nem frequência; apenas à ocasião. Persistia o Dragão, sempre mais perto do golo. Por Falcao, Hulk, Belluschi ou Ruben Micael. E esbarrava, então, numa intolerância incompreensível à velocidade de Hulk, repetidamente derrubado sem que a equipa de arbitragem apontasse a falta devida.
Apesar da incontestável superioridade do seu jogo, que deveria ter rendido uma vantagem mais ampla, o FC Porto quase viu os três pontos escaparem sobre o minuto 90, quando Jaílson desperdiçou uma grande penalidade, rematando por cima e falhando o empate que a partida não justificara. Ainda assim, os minutos que se seguiram, os de compensação, expuseram capacidade de resposta a uma adversidade.
FICHA DE JOGO
FC Porto-V. Setúbal, 1-0
Liga 2010/11, 13.ª jornada
6 de Dezembro de 2010
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 18.912 espectadores
Árbitro: Elmano Santos (Madeira)
Assistentes: Álvaro Mesquita e José Oliveira
4.º Árbitro: Humberto Teixeira
FC PORTO: Helton «cap.»; Fucile, Rolando, Otamendi e Rafa; Guarín, Belluschi e João Moutinho; Hulk, Falcao e Rodríguez
Substituições: Rodríguez por Rúben Micael (59m), Rafa por Sapunaru (74m) e Falcao por Walter (82m)
Não utilizados: Kieszek, Sereno, Castro e Ukra
Treinador: Vítor Pereira
V. SETÚBAL: Diego; Collin, Ricardo Silva «cap.», Valdomiro e Anderson do Ó; François, Hugo Leal, Neca e Gallo; Pitbull e Jaílson
Substituições: Gallo por Zeca (46m), François por Henrique (71m) e Anderson do Ó por Sassá (87m)
Não utilizados: Vargas, Zé Pedro, Michel e Zarabi
Treinador: Manuel Fernandes
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Hulk (43m, g.p.)
Disciplina: Cartão amarelo a Collin (44m), Fucile (67m), Valdomiro (69m), Helton (75m), Otamendi (90m) e Neca (90m).
No rescaldo do vigésimo triunfo da época, sobre o Vitória de Setúbal (1-0), o treinador adjunto do FC Porto, Vítor Pereira, destacou o esforço dos jogadores azuis e brancos. Hulk admitiu que a equipa não esteve ao seu nível máximo, mas a vantagem de oito pontos sobre o segundo classificado foi preservada.
Vítor Pereira: «Tivemos uma primeira parte bem conseguida, contra uma equipa que praticamente abdicou de atacar na primeira parte. Havia uma grande aglomeração de jogadores atrás da linha da bola e poucos espaços. Fizemos 15 remates e tivemos oportunidades para construir outro resultado. Na segunda parte, a equipa ressentiu-se do esforço que teve em Viena e é compreensível que os jogadores tenham sentido algumas dificuldades do ponto de vista físico. Quando é assim, começamos a pensar mal o jogo. Houve uma equipa que fez tudo para ganhar, que assumiu as despesas do encontro do princípio ao fim. A outra equipa esperou pela segunda parte para crescer um bocadinho, através de bolas longas e de segundas bolas, criando-nos algumas dificuldades. É normal que tenhamos jogos mais bem conseguidos e outros menos conseguidos».
Para Vítor Pereira, a noite valeu pela resistência, pelo "espírito de sacrifício tremendo". "Os campeões fazem-se assim", referiu, no rescaldo da vitória que mantém os dragões invencíveis, a uma jornada do final de 2010. "Oito pontos de vantagem que vão retirando vantagem ao adversário, vão massacrando, é assim que temos de continuar. O FC Porto tem feito uma época excepcional. Os jogadores têm sido constantes, consistentes na qualidade do jogo, merecemos a época que estamos a fazer."
Hulk: «A equipa não esteve ao melhor nível, mas conseguimos os três pontos, que são o mais importante para nós. Vamos manter o nosso trabalho, para conseguirmos sempre os três pontos, esquecendo quem está em segundo ou terceiro, de modo a não errar».
2 comentários:
Vila Pouca!
Bom texto o teu!É assim mesmo!
Mais, na minha opinião, a equipa teve tempo suficiente para recuperar do esforço do jogo de Viena.Se se tivessem preocupado em descansar.
Se não descansaram o suficiente para se apresentarem frescos para o jogo com o Setúbal, a culpa é deles por terem "facilitado" e possivelmente acreditado que a vitória no jogo "seriam favas contadas".
E como se viu não foi só por culpa do adversário mas também por inépcia dos Dragões.
FC Porto acima de tudo!
Porque gostei destas ideias aqui deixo registo das mesmas:
Os Lampiões e os Choringas, não podem dizer nada porque as arbitragens dos seus jogos estão marcadas por muitos casos, (bolas metidas com ajuda dos guarda-redes penaltis por marcar, mão a desviar bola para a grande área para fazer golo, golo anulado só porque o nariz estava fora de jogo, etc, etc) o melhor é meterem a viola no saco.
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