E vão sete troféus internacionais, o quarto este século, façanha que só o Milan, com cinco, supera, ficando o FC Porto a dividir o segundo lugar com Liverpool e Barcelona. André Villas-Boas, aos 33 anos, tornou-se o mais jovem técnico a conquistar uma competição europeia, ele que é sócio dede os dois anos de idade.
O jogo foi, como se esperava, fechado, com o Braga a optar por uma estratégia de contra-ataque, com uma equipa muito curta, cabendo ao FC Porto assumir as despesas do jogo. E com paciência e muita circulação de bola os Dragões controlaram desde o início o jogo, mas raramente conseguiram ultrapassar a muralha defensiva dos minhotos. Até que, aos 44 minutos, Guarín roubou uma bola no meio campo, ganhou alguns metros, fez um compasso de espera e cruzou na perfeição para a cabeçada colocada de Falcao, sem hipóteses para Arrtur Morais.
O FC Porto chegava à vantagem em cima do intervalo e logo no primeiro minuto foi Helton a conseguir uma excepcional defesa, quando Mossóro surgiu isolado, mas não conseguiu bater o guarda-redes aniversariante – completou hoje 33 anos.
A segunda parte foi mais aberta, com o Braga mais subido à procura do empate, enquanto o FC Porto guardava a vantagem e ameaçava em contra-ataques a que faltou quase sempre definição no último passe.
Falcão foi eleito “man of the match” (homem do jogo) e em Agosto o FC Porto disputará a Supertaça Europeia com o Barcelona ou o Manchester United.
Ficha de Jogo - UEFA Europa League, final - 18 de Maio de 2011 - Arena de Dublin
Assistência: 45.391 espectadores.
Árbitro: Carlos Velasco Carballo (Espanha).
Assistentes: Roberto Alonso Fernández e Jesús Calvo Guadamuro.
Assistentes adicionais: Carlos Clos Gomez e Antonio Rubinos Pérez.
Quartro árbitro: David Fernández Borbalán.
FC PORTO: Helton; Sapunaru, Rolando, Otamendi, Álvaro Pereira; Fernando, Guarín, João Moutinho; Hulk, Falcao e Varela.
Substituições: Guarín por Belluschi 73m, Varela por James Rodriguez 79m
Não utilizados: Beto, Maicon, Souza, James Rodriguez, Rúben Micael, Belluschi e Walter.
Treinador: André Villas-Boas
SC BRAGA: Artur Morais, Miguel Garcia, Paulão, Rodriguez, Sílvio; Vandinho, Custódio, Hugo Viana; Alan, Paulo César e Lima.
Substituições: Rodriguez por Kaká, aos 46m; Hugo Viana por Mossóró, aos 46m; Lima por Meyong 66m.
Não utilizados: Cristiano, Hélder Barbosa, Elderson e Leandro Salino.
Treinador: Domingos Paciência
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: Falcao 44m
Disciplina: Hugo Viana 24m , Sílvio 29m, Sapunaru 49m, Miguel Garcia 55m, Mossóro 59m, Kaká 80m, Helton 90m, Rolando 90+3m.
O FC Porto um a um - Taça nas garras de El Tigre - JORGE MAIA (n’ojogo)
Helton 8 - Helton fez anos ontem e deu-se uma prenda a si próprio e à equipa ao negar o golo a Mossoró logo no primeiro minuto da segunda parte, vencendo um duelo impossível com uma defesa improvável. Antes não tinha tido grande trabalho, mas também não foi exactamente um espectador porque o Braga o obrigou a um par de intervenções simples. Seguro como sempre no jogo com os pés - foi com o direito que negou Mossoró -, nunca abdicou das responsabilidades de capitão de equipa, orientando o posicionamento dos companheiros.
Sapunaru 6 - Não teve muito trabalho durante o primeiro tempo, até porque o Braga preferiu quase sempre atacar pelo outro lado e Paulo César não se revelou particularmente perigoso, pelo menos durante essa fase. Começou o segundo a ver um amarelo, precisamente por falta sobre o extremo do Braga, e correu o risco de ver o segundo numa falta sobre Sílvio, aos 72'.
Rolando 7 - Seguríssimo nos lances aéreos, desmultiplicou-se na compensação às descidas de Sapunaru durante a primeira parte e ainda teve a visão para ensaiar alguns passes à procura da profundidade dos companheiros do ataque, como o que isolou Hulk logo aos 9 minutos. No segundo tempo, revelou-se fundamental no esforço de contenção e nos duelos com os avançados minhotos pelo domínio do espaço aéreo.
Otamendi 7 - Durante a primeira parte, o Braga atacou mais pela direita e o argentino mostrou-se sempre atento aos eventuais desequilíbrios provocados pelas ocasionais descidas de Álvaro Pereira no apoio ao ataque. Na segunda parte, desmultiplicou-se para conseguir chegar a todas as encomendas, quando o ataque do Braga se precipitou sobre a área de Helton.
Álvaro Pereira 6 - Mais contido do que é habitual, não foi tão exuberante na exploração do seu corredor em termos ofensivos, ainda que lhe tenha pertencido o primeiro cruzamento da noite à procura de Falcao. Tinha instruções para evitar que Alan se tornasse decisivo e cumpriu-as à risca. Tal como o resto da equipa, foi importante no esforço de contenção do Braga, quando os minhotos aumentaram a pressão a partir dos 70'.
Fernando 5 - Talvez fossem as notícias que davam conta da presença de dirigentes do Inter em Dublin para o ver jogar, ou talvez tenha sido apenas o nervosismo natural da primeira final europeia, mas o facto é que se revelou demasiado errático durante todo o jogo. Uma asneira enorme, aos 46', permitiu a Mossoró isolar-se na cara de Helton, e fica a dever ao compatriota não ter entrado para o filme da final de ontem como vilão.
Guarín 8 - O enorme cruzamento para o único golo do jogo, marcado pelo compatriota Falcao, é a primeira imagem que fica da excelente exibição de Guarín ontem à noite, em Dublin. A forma como recuperou a bola, como liderou o ataque, como fez o compasso de espera para que Falcao chegasse ao seu lugar, tudo pormenores de génio num lance histórico. Antes disso, porém, já se revelava o jogador mais esclarecido e perigoso do FC Porto, beneficiando, é verdade, do excesso de preocupação do Braga com João Moutinho. Saiu para dar o lugar a Belluschi numa altura em que a prioridade era segurar o resultado.
João Moutinho 6 - Foi a principal preocupação de Domingos e a justificação para a utilização de dois trincos por parte do Braga, e o facto é que acusou a marcação apertada de Custódio. A limitação de espaços forçou-o demasiadas vezes a recuar à procura da bola, deixando-o demasiado longe das zonas onde costuma ser decisivo no municiamento do ataque. Acabou o jogo ao lado de Fernando, como segundo trinco, no esforço para travar o Braga.
Hulk 5 - Hulk teve uma boa iniciativa individual aos 7 minutos. Passou por Sílvio, depois, já dentro da área, por Paulo César e ganhou o espaço para o remate, que saiu perto da baliza de Artur. Tinha outras alternativas, como o cruzamento para Falcao, mas ontem Hulk jogou quase exclusivamente para si próprio. Perdido em dribles inconsequentes, foi quase sempre um verbo de encher. A única excepção foi um grande cruzamento aos 72', à procura de Álvaro Pereira, que falhou a bola por milímetros. Depois voltou para o seu pequeno mundo e por lá ficou.
Varela 6 - Varela ganhou a corrida a James, mas esteve pouco em jogo. Não se conseguiu impor decisivamente nos duelos com Sílvio nem com Miguel Garcia, apesar das frequentes mudanças de flanco com Hulk. Tentou um pontapé de bicicleta aos 14' que saiu demasiado alto e ensaiou um remate de cabeça em resposta a um cruzamento de Guarín, aos 31', que saiu torto. Acabaria por sair ele próprio para dar o lugar a James, mais capaz de segurar a bola na parte final.
Belluschi 6 - Entrou para o lugar de Guarín numa altura em que André Villas-Boas quis ganhar capacidade de posse no meio-campo, mas acabou envolvido no esforço de contenção que marcou o segundo tempo. Destaque para o entendimento com Sapunaru aos 86' que lhe valeu umas das melhores oportunidades do FC Porto na segunda parte.
James 5 - Teve pouca bola, porque o jogo estava inclinado para o outro lado do campo quando ele entrou. Ainda conseguiu liderar um contra-ataque perigoso em período de descontos, mas decidiu mal e o lance perdeu-se.
Villas-Boas: "Notou-se nas equipas alguma intranquilidade e procuraram ambas um jogo muito directo e muito agressivo, que não representa o futebol português, e isso é de lamentar", defendeu, admitindo que isso "não é nada de novo nas finais", e que se foi impondo na história desta, pela vontade dos protagonistas: "Gostávamos que não tivesse acontecido dessa forma, mas, não nos conseguimos encontrar, porque o Braga teve uma pressão bem executada e agressiva, sempre no seu bloco compacto, e os espaços eram difíceis de encontrar. O Braga procurava encontrá-los à profundidade, nós um pouco mais pelo chão, mas também com muita dificuldade, portanto, fica esse registo duma final que podia ter sido um pouco melhor em termos de espectáculo, mas, de grande alegria, pela conquista do troféu". "É, sem dúvida, um grande prémio, e falta apenas um troféu para uma época memorável".
Domingos: "Estamos orgulhosos pelo que fizemos. Fizemos uma temporada de grande valor, o que enaltece o caráter e a qualidade desta equipa". "Somos a prova que, com ambição e crença, se consegue fazer muito", rematou.
Sem comentários:
Enviar um comentário