quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Champions League: Ainda sobre o jogo com o Shakhtar

Não há capacidade de remate para tanto caudal ofensivo…!  Djalma e Varela limitaram-se a refrescar a equipa e a confirmar que, ainda que não faltem soluções, no banco do FC Porto não há um homem de área.
Fernando: "Estou arrependido, sobretudo depois de tudo o que o FC Porto fez por mim", disse o médio brasileiro, que pretende "mostrar isso mesmo em campo, com todo o meu empenho, e recuperar a confiança de todos". 
Vítor Pereira: “Mantivemos a serenidade e demos a volta ao resultado”.  “Fizemos um jogo com muita unidade e maturidade para provocar o adversário. Não fomos felizes na forma como começámos, falhámos um penalty e sofremos um golo, mas reagimos bem e fizemos uma primeira parte bem conseguida. Mantivemos a serenidade e demos a volta ao resultado. Não foi um adversário qualquer, defrontámos uma equipa de grande valia e qualidade, mas controlamos completamente o jogo”. "temos de saber controlar o ritmo de jogo e foi o que tentámos fazer na segunda parte". Falhou o penálti, mas Hulk redimiu-se com um grande golo. "Foi um momento de inspiração de Hulk. Ele e Álvaro Pereira jogaram em sacrifício, por isso o meu agradecimento pelo grande profissionalismo deles. O talento dos jogadores é o que faz a diferença eu só organizo e conduzo os jogos". Mas nesta história entra também Kléber com quem protagonizou uma "manifestação espontânea" . "O abraço de Kléber é de quem trabalha para o mesmo objectivo, de quem acredita e tem confiança recíproca. É sempre um momento bonito. Kléber merece, trabalha muito, tem grande qualidade e está a crescer".
Opinião tendenciosa: Mircea Lucescu: "O FC Porto não merecia ter vencido" - "Iniciámos bem o jogo, mas falhámos oportunidades. O FC Porto teve mais posse de bola, sem, contudo, conseguir criar grandes situações de golo e só chegava à nossa baliza em remates de longe".
Crítica – Hugo Sousa: o FC Porto respondeu bem a um erro assustador de Helton, soube reagir ao futebol soluçante que lhe encravou os primeiros passos e, somadas essas virtudes, garantiu uma entrada de pé direito na Liga dos Campeões. Na verdade, até foi de pé esquerdo. O de Hulk, a embalar um livre-bomba capaz de devolver a serenidade a uma equipa que, até aí, já tinha falhado um penálti, sofrido um golo e andava de cabelos em pé com algumas intervenções do árbitro.
…Como se previa, Vítor Pereira não prescindiu da robustez de Fernando, mas reservou uma surpresa para o meio: sacrificou Belluschi e preferiu Defour. Uma conjugação que não perdia em lógica, embora pecasse pela falta de rodagem desse trio, que acabou enredado na teia de Lucescu. Fernandinho, Mkhitaryan, Willian e Eduardo enclausuravam o jogo de Moutinho e Defour, precisamente no ponto que o treinador dos ucranianos considerara nuclear, e ainda sobrava Jadson para atrapalhar Fernando. Faltava à zona central do jogo portista um apoio mais efectivo de Fucile e Álvaro Pereira, por exemplo, para ajudar a abrir o jogo e fugir desse labirinto. James também demorou um pouco a entrar no ritmo certo, ainda que tenha sido ele a arrancar o penálti que Hulk desperdiçou. Guarda-redes para um lado e bola para o outro, em cheio no poste. Enfim, galo.
Depois do galo, o frango. Praticamente na resposta ao penálti, Willian ensaiou um remate que Helton encaixou, antes de, inexplicavelmente, deixar a bola deslizar e ficar na ponta do pé de Luiz Adriano. A resposta portista continuava encravada e o Shakhtar, aproveitando alguma intranquilidade defensiva da dupla Otamendi-Maicon (apenas o sexto jogo como dupla titular...), deixou novo aviso: Rakitskiy queimou as luvas de Helton e do canto haveria de resultar um golo anulado aos ucranianos. Se era mesmo um aviso, funcionou, porque daí ao golaço de Hulk foi um instante.
Mais tranquilo, já com Álvaro Pereira "em jogo", o FC Porto ganhou serenidade, até porque Moutinho e Defour começavam a encontrar espaços. É verdade que ameaçava mais de bola parada, mas começava a controlar o ritmo e acabaria por beneficiar de uma entrada duríssima de Rakitskiy sobre Moutinho. O central não só viu o vermelho como ainda levou um valente puxão de orelhas do seu treinador.
Lucescu teve de improvisar para jogar com dez e o golo de Kléber, a abrir a segunda parte, colocou um ponto final quase definitivo no assunto. A entrada de Belluschi mais não fez do que acentuar a aposta na posse de bola (FC Porto terminou com uns asfixiantes 61%...), embora tenha sido uma posse inconsequente. É bonito ver a bola de pé para pé, mas convém encontrar uma saída para essa circulação. Não foi o caso, mas também não foi preciso, e nos últimos dez minutos o Shakhtar ainda perdeu Chygrynskiy por expulsão.
O resultado estava feito: pode até ser magro, mas o que dele resulta é bem confortável...
Arbitragem - Grande dúvida
O Dragão caiu-lhe em cima com uma assobiadela por ignorar um contacto que pareceu faltoso, na área, de Mikhitaryan sobre Hulk, aos 31'. E também por umas quantas decisões discutíveis quanto a outras faltas. Pareceu ajuizar bem o penálti marcado, assim como as expulsões. Lucescu não gostou...
FC Porto um a um - Hulk gosta dos golos difíceis – Tomaz Andrade
Helton: Noite difícil para o experiente guarda-redes. Não segurou um remate aparentemente fácil de William e "ofereceu" o golo a Luiz Adriano. Uma fífia que tentou compensar, mostrando-se mais seguro em dois remates de longe (Rakitskiy primeiro e Fernandinho depois, defendendo para canto em ambos os lances).
Fucile: Tornou o lado direito bastante ofensivo, mesmo quando o Shakhtar jogava com a equipa completa. Teve uma ou outra perda de bola, mas compensou com grande entrega e muita ajuda aos centrais, como quando evitou em plena área um remate de Luiz Adriano na segunda parte.
Otamendi: Exibição pouco convincente do argentino, sentindo dificuldades no jogo aéreo e no tempo de entrada aos lances. Mesmo com o adversário em desvantagem, a tranquilidade nunca foi plenamente atingida.
Maicon: Merece os mesmos reparos do companheiro. Lutou nas alturas com Luiz Adriano e foi permeável em lances rasteiros.
Álvaro Pereira: Mais uma exibição marcada pelo dinamismo. Defendeu com segurança e partiu para o ataque em velocidade, alimentando os avançados com passes de qualidade. Não estranhou que tivesse sido o uruguaio a iniciar a jogada do segundo golo, com um passe esclarecido para James.
Fernando: De volta ao onze, deitou um olho a Jadson, que surgiu na zona central, e esteve um pouco apático na hora de sair a jogar. Destaque para um corte espectacular na área portista quando Eduardo pretendia rematar.
Defour: O belga fez mexer a equipa. Sempre esclarecido a entregar a bola, foi indicando os caminhos por onde a equipa devia furar a muralha ucraniana. Lançou James na jogada do penálti, recuperou bolas, empurrou os companheiros para a frente e tentou o golo por duas vezes (uma num remate de fora da área ao lado e outra atirando às malhas laterais após cruzamento de Álvaro Pereira). Tudo em rotação máxima, do princípio ao fim, ao lado de Moutinho ou a trinco. Uma estreia na Liga dos Campeões com estilo.
João Moutinho: Formou com Defour uma dupla criativa e dinâmica. Primeiro deu nas vistas com um par de recuperações e depois começou a surgir na zona de finalização. Sim, os remates pecaram por defeito, mas o discernimento e a entrega nunca estiveram em causa quando foi preciso fazer chegar a bola aos avançados. Antes do intervalo resistiu a uma entrada violenta de Rakitskiy, que foi expulso. Um lance com ligação directa à reviravolta portista. Assistiu ainda Kléber aos 67', mas o brasileiro não conseguiu o golo.
James: Apesar de ter ganho o penálti que Hulk desperdiçou no início, o colombiano demorou muito a entrar no jogo. Mas quando entrou, partiu o Shakhtar todo, com arrancadas, fintas e uma assistência letal para Kléber virar o resultado, sentando antes Srna. Cada vez mais confiante, o camisola 19 procurou o golo, mas tanto Rybka como a barra impediram os festejos. Que eram merecidos.
Kléber: Estreia feliz na Liga dos Campeões, marcando um golo decisivo. Naquele lance soube fugir à marcação e aparecer no sítio certo, o que nem sempre conseguiu nos minutos restantes. Pouco depois, em boa posição, rematou contra Rybka.
Belluschi: Entrou em grande, com uma recuperação e um bom passe para James. Pouco depois perdeu uma bola e o Shakhtar atacou com perigo.
Djalma: Pontaria desafinada em todos os remates que efectuou.
Varela: Ganhou um canto e não teve tempo para mais.
Como jogou o Shakhtar - Perigosos antes da expulsão
Houve um Shakhtar antes e depois da primeira expulsão, aos 40'. Antes dela, os ucranianos souberam trocar a bola com mestria e chegaram à área portista com perigo, fruto de jogadores tecnicistas e rápidos como Willian, Eduardo e Luiz Adriano. Depois da expulsão de Rakitskiy, Lucescu tirou um médio (Eduardo) e meteu um central (Kucher). A equipa perdeu posse de bola e só com erros do FC Porto é que criou perigo. E ainda foi expulso outro central.
Defesa: Rykba evitou um resultado mais pesado e ainda ficou com as luvas a arder no golo de Hulk. Srna, na direita, atacou melhor do que defendeu e os centrais Rakitskiy e Chygrynskiy abusaram da violência: foram expulsos. Rat sentiu dificuldades parar travar Hulk e Kucher, que entrou, não segurou o ataque.
Meio-campo: Mkhitaryan e Fernandinho tinham a missão de bloquear Moutinho e Defour e não o conseguiram. Nas alas, Eduardo e Willian, principalmente este, foram perigosos. O golo, aliás, nasceu de um remate de Willian.
Ataque: A defesa portista sofreu com a mobilidade do ataque do Shakhtar. Luiz Adriano é corpulento, tem técnica e sabe aparecer no sítio certo, como no lance do golo. Jadson jogou atrás dele e conseguiu fugir às marcações. Alex Teixeira ainda tentou alterar o resultado e obrigou Fucile a manter-se atento.
Filme do jogo: 
3' Livre de Srna e cabeceamento de Rakitskiy, sem oposição, ao lado.
5' Kléber ganha a bola, toca com Defour que deixa em Hulk, tudo na direita. O brasileiro flecte para o meio, encontra ângulo de remate e dispara. A bola bate em Defour, sobe... e desce para esbarrar na trave.
9' Defour abre para James, este combina com Hulk, que devolve a James, tocado na área por Rakitskiy. Penálti. Hulk assume a marcação e remate colocado... ao poste.
12' 0-1. Remate de Willian à figura de Helton, que se atrapalha e muito!, deixando a bola para Luiz Adriano empurrar e gelar o Dragão.
16' Livre de Hulk. Muito por cima...
26' Livre de Rakitskiy a queimar as luvas de Helton. Na sequência do canto, o Shakhtar ainda marca, mas o lance é prontamente anulado.
28' 1-1 Golo do FC Porto. Hulk.
32' Generoso, Hulk deixa um livre para James, o remate bate na barreira e sobra para novo disparo, agora de Hulk, a queimar as mãos de Rybka.
38' Corte providencial de Fernando a evitar o remate de Eduardo, que já tinha passado Maicon.
40' Expulsão de Rakitskiy, por entrada dura sobre Moutinho.
47' Defour tenta, de longe. Remate forte, mas ao lado.
51' 2-1. A jogada começa em Álvaro Pereira, que desmarca James, também à esquerda, com um toque simples. Para o colombiano fica a parte artística, dançando à frente de Srna, antes de tirar um cruzamento para Kléber encostar. Fácil, fácil...
53' Centrais do FC Porto facilitam e Kucher, de cabeça, deixa o aviso num canto.
64' Outro remate-bomba de Hulk, e como ele gosta: descaído sobre a direita, usou o pé esquerdo para assustar.
66' Abertura de Belluschi para James, que tem tempo e espaço para pensar. Atira à figura de Rybka e não é bem sucedido na recarga.
67' Moutinho isola Kléber. O remate bate em Chygrynskiy. Canto.
81' Livre de James. Uma mistura de força e jeito. À barra.

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