Jesualdo Ferreira: o Fernando não precisava dum golo para confirmar que, ao longo dos últimos meses, tem sido um dos melhores jogadores do FC Porto e do campeonato português. O seu tímido festejo, de punhos cerrados, denuncia essa mesma convicção, mas também não esconde o alívio de quem anda há anos a tentar dar uma dimensão mais ofensiva ao seu jogo. O criador do Polvo, Jesualdo Ferreira, concorda que Fernando não é um produto acabado, mas ao invés de lhe cobrar mais, o professor surpreende ao aconselhá-lo a tentar dosear melhor o seu esforço durante o jogo!
Jesualdo Ferreira: "Tacticamente, é um jogador feito e acho normal que tantos clubes o queiram. Com sinceridade, não vejo muitos no seu patamar a nível internacional", começa por dizer, concretizando a tal aparente contradição. "Evoluir é tornar-se mais racional no que faz, ele joga tanto que nem precisa de se cansar. Pode parecer estranho, mas parece-me que o Fernando pode correr menos e ser mais jogador. Se gerir melhor o que faz, vai conseguir fazer mais coisas de forma natural", sintetiza, identificando no golo ao V. Setúbal um exemplo feliz: "O Fernando é aquilo. É tão simples e tão eficaz ao mesmo tempo."
"É falso que eu lhe limitasse o espaço, mas para mim o Fernando não é um médio de transição, mas de recuperação e equilíbrios", afirma ...
"Os terrenos que ele pisa dependem mais da equipa do que dele. Se as linhas defensivas subirem, ele sobe. Quanto aos golos, lembrem-se duma coisa: ele remata mal de fora da área", salienta, para focar aquilo que mais lhe interessa frisar e mais o entusiasma no Polvo. "O futebol está hoje formatado para o duplo pivô. A maior parte das equipas joga assim, mas o Fernando vale por dois. Não sei como se adaptaria se tivesse alguém ao lado. O que sei é que, jogando sozinho, é brilhante", refere, sem hesitar no adjectivo.
Depois dum final de época tremido e de um arranque adiado - "não sei o que se passou, nem me interessa", reage Jesualdo - Fernando tem sido uma das marcas mais positivas do FC Porto de Vítor Pereira. É natural, portanto, que o brasileiro possa também ser notícia, até final da época, fora dos relvados. Com um contrato que expira em 2014 e tendo já manifestado interesse em renovar, o médio de 24 anos pode começar a cumprir o desejo vincado em recente entrevista a O JOGO: "Por mim ficava mais 10 anos."
Extracto de André Viana n’OJogo
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