1 - O futebol profissional é hoje um negócio de milhões, que não se compadece nem com amadorismos nem com incompetências larvares. Muitas vezes acontece, e há-de continuar a acontecer, um clube ser prejudicado ou beneficiado por determinada arbitragem: aconteceu no sábado ao Benfica, que ganhou um jogo que não mereceu ganhar graças à actuação dum juiz-de-linha que parecia apostado em impedir qualquer hipótese de golo do Feirense. Também aconteceu domingo ao Sporting ganhar ao Beira-Mar com dois golos dum jogador que, segundo as regras em vigor, deveria ter sido expulso no primeiro minuto. São coisas que acontecem, umas vezes é-se beneficiado, outras é-se prejudicado, e o único clube que se acha sempre prejudicado – até quando é beneficiado, como anteontem – é o Sporting Clube de Portugal. Este ano as coisas por cá (e à excepção das eternas lamúrias dos sportinguistas), até estavam a correr razoavelmente bem, com queixas e benefícios repartidos. No que ao FC Porto respeita, toda a gente dos rivais o viu como beneficiado no jogo da 1ª jornada, em Guimarães, ganho de penalty – e em mais nenhum. Porém, a crítica foi unânime em considerar que esse penalty existiu mesmo, assim como tinham existido quatro outros não assinalados a seu favor oito dias antes, no jogo da final da Supertaça contra o mesmo Guimarães, De então para cá, vi várias vezes o FC Porto ser alvo de arbitragens hostis (como contra o Guimarães, outra vez, ainda na semana passada), mas a equipa foi ultrapassando os azares com os árbitros sem consequências palpáveis – á excepção do jogo de Olhão, onde deixou dois pontos, graças a um erro de arbitragem.
Porém, tudo muda quando entra em cena um árbitro que já todos conhecem de gingeira e todos sabem ao que vem. Desde o inesquecível jogo de Campo Maior que não resta dúvida alguma do objectivo que trouxe o sr.Bruno Paixão para o futebol. Porque, de facto, nunca na minha vida tinha visto actuação tão chocante como essa, escrevi então que aquele árbitro devia imediatamente ser afastado do futebol, quando ainda estava no início uma carreira da qual era de esperar o pior possível. Porém, e como é costume lusitano, quando se inicia uma carreira pública não há forma de a parar, sem ser por vontade do próprio (isto porque o fulano não tinha por hábito prejudicar o clube da águia, caso contrário seria banido sem apelo nem agravo, digo eu…). E assim Bruno Paixão lá foi fazendo a sua carreira – sempre subindo, claro – apesar de ter sempre mostrado exuberantemente que, tal como era de temer, é capaz de não ter pinga de isenção nem pinga de competência. Ele é, por opinião unânime (excepto, seguramente, a dos benfiquistas de má-fé) o pior árbitro em actividade na primeira categoria. E, quando a isso junta um histórico, sem desfalecimentos, de prejuízo ao FC Porto e benefício ao Benfica, é pura provocação momeá-lo para um jogo do qual pode depender a escolha do campeão entre Porto e Benfica.
Chamado a Barcelos (o presidente do Gil António Fiúza tinha pedido um árbitro que compensasse os gilistas dos erros do Marco Ferreira na Luz), Bruno Paixão não falhou na sua missão. De acordo com os consenso geral da crítica, teve três erros que influiram directamente no resultado: validou mal um golo ao Gil e perdoou-lhe dois penalties – o suficiente para que o resultado, em lugar de ter sido 3-1, tivesse sido 2-3. E, como há dúvidas nesses três lances, falarei apenas de mais um, também decisivo (e partindo do princípio, que a televisão não conseguiu demonstrar, de que o terceiro golo do Gil não parte de (off-side)fora-de-jogo). Esse outro lance é aquele de que resulta o primeiro golo do Gil e que é eloquente da sanha de Bruno Paixão contra o FC Porto: dois jogadores, um de cada lado, disputam a mesma bola, levantando o pé exactamente à mesma altura. Decisão dele (Bruno Paixão): livre contra o Porto. Porquê, pergunta-se, e a resposta só pode ser uma: porque sim. Que o FC Porto jogou pessimamente, jogou. Mas que perdeu porque o Gil jogou bem, não é verdade. O Gil Vicente jogou bem contra o Benfica, um jogo que bem mereceu ganhar. Contra o FC Porto, em vão se procurará, alem dos três golos, qualquer outra oportunidade, um remate perigoso, uma defesa apertada do helton: nada disso existiu. O Gil teve menos de metade de posse de bola que o FC Porto, menos de um terço de remates à baliza, um quarto dos ataques e zero cantos contra seis. A “eficácia” de que falou Paulo Alves traduziu-se em aproveitar em golo um livre e um penalty mal assinalados.
Não foi O Gil Vicente que venceu o FC Porto e que pôs fim à tentativa de recorde de invencibilidade. Com todo o respeito pelos esforços dos seus profissionais, quem venceu o FC Porto foi Bruno Paixão e ninguém mais. Provavelmente terá conseguido até evitar pela segunda vez que o Porto seja campeão. Um certo futebol, um certo sistema, recordará para sempre o seu nome com entusiasmo. E, entretanto, para aí vai continuar, a fazer mais do mesmo, como se nada fosse. Se querem saber como é que Portugal desceu onde desceu, ponham os olhos no caso de Bruno Paixão. A impunidade de que goza é o exemplo acabado da regra de jogo, entre nós.
2 – É claro que a “vergonhosa” prestação de Bruno Paixão e seus acólitos serviu às mil maravilhas a Vítor Pereira para explicar a derrota. Isso e a péssima primeira parte dos jogadores portistas. Mas bastava olhar para a equipa que ele escolheu para a primeira parte para antecipar o que ia suceder. Confrontado com a ausência de Hulk como eu sempre temi Vítor Pereira mostrou não ter nenhum Plano-“B”- pelo contrário, pareceu-me mesmo que ele não realizou a necessidade de reforçar o poder desequilibrador ofensivo de outra forma. Só isso explica que mantenha o Maicon a lateral direito, sabendo que ele defende bem mas não ataca. Desfez-se tranquilamente dum lateral da categoria do Fucile, encostou o Sapunaru e, tendo finalmente recebido o Danilo, por quem se pagou uma fortuna, continua a ver “onde é que ele pode encaixar”: no Santos e na selecção brasileira, faz todo o corredor direito; no FC Porto de Vítor Pereira, ainda não se sabe para que serve. Mas Vítor Pereira também não percebeu ainda que só tem um médio criativo de ataque (visto que, misteriosamente também abdicou de Gaurin, que interessa ao Inter e à Juventus, mas não ao clube que lhe paga): esse médio é, como toda a gente sabe, o Belluschi, ao qual ele prefere um jogador completamente banal como Defour ou outro completamente previsível, como joão Moutinho, ainda por cima jogando a um ritmo de Dormicum. Em Barcelos, Vítor Pereira juntou ainda mais uma escolha que mostra a profundidade do seu pensamento estratégico: na hora do tudo ou nada, quando se pedia um jogador repentista no drible e no remate, ele meteu… o Cristiam Rodriguez, deixando mais uma vez no banco, em “processo de adaptação”, o miúdo Iturbe, de quem meio mundo diz maravilhas e já pensa recuperar de volta, face à inutilidade a que o votou o treinador portista.
Ao fim da primeira parte do jogo de Barcelos, o FC Porto não tinha criado uma oportunidade de golo e, que me lembre, não tinha sequer feito um remate à baliza. Toda a gente o viu, até Vítor Pereira. A minha pergunta é: para que precisou ele de 45 minutos, dois golos de desvantagem e duas páginas de apontamentos para reagir ao que estava a ver?!
3 – Há um outro problema a carecer duma solução urgente neste FC Porto: o sistema de jogo, de há muito implantado na equipa e com óptimos resultados, pede um ponta-de-lança e o sacrifício de Hulk nessa posição não resolve o problema e enfraquece o flanco. E, manifestamente, Kléber não serve. Estamos perante um daqueles casos em que um bom avançado duma equipa média não resulta numa equipa grande: um avançado-centro duma equipa como o FC Porto, que faz 47 ataques num jogo, não pode estar até ao minuto 90 para finalmente conseguir um remate à baliza. Kléber, para já, pelo menos (e já é o que interessa), tem o oposto do instinto matador que deve caracterizar qualquer bom ponta-de-lança: nunca consegue que os companheiros o encontrem desmarcado, nunca consegue estar onde a bola vai aparecer. E nenhuma equipa pode aspirar a um título sem um guarda-redes que evite golos e um ponta-de-lança que os invente. Alguém que, como disse Falcao, transforme o impossível em possível – ao menos, de vez em quando. Foi o grande erro de planeamento desta época, cometido pelo FC Porto. Mas, atendendo ao estado de urgência absoluto, não seria de experimentar um junior?
1 comentário:
Mais uma vez acertaste na mouche, focaste tudo aquilo que era importante focar!
Conselho ao Vítor Pereira:
Pedroto, grande líder, teve problemas com jogadores; A.Jorge, idem; tal como Mourinho. Mas não perderam o respeito de ninguém e não viram a sua autoridade de líderes beliscada, porque deixaram a porta aberta ao regresso dos jogadores que meteram o pé na argola.
...A nomeação dum árbitro com um histórico de prejuízos ao F.C.Porto, como tem B.Paixão, trazia e veio a confirmar-se, água no bico. O seu silêncio, cúmplice, fica para a história deste campeonato. Puxe as calças para cima, perca o medo e diga alguma coisa. Fico à espera do que vai acontecer ao conhecido como "artista de Campo Maior.
Relativamente ao VP patrão dos árbitros foste até muito "soft" eu acho que devemos exigir: Vítor Pereira faça um favor à arbitragem: demita-se! O senhor é um pusilânime (adj. destituído de coragem; temeroso até à covardia; fraco, covarde, poltrão), e como tal não tem condições para exercer o cargo que ocupa.
Agora gostava de expor as minhas dúvidas:
Resolvido o problema da equipa com a contratação do Lucho (pôr ordem no balneário)e do Janko a equipa tem de forçosamente entrar nos eixos, mas, e se não obstante, não entrar?! Teremos de tirar ilações, não é? O problema é que tenho muitas dúvidas acerca da capacidade do Vítor Pereira para comunicar com a equipa e motivar o plantel.
Na minha opinião, e não só, o Vítor Pereira é fraquinho a comunicar, mobilizar, motivar os jogadores, ou seja, é capaz de ser um bom treinador de campo (convenceu Pinto da Costa), mas que falha rotundamente como condutor de homens.
FC Porto sempre!
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