Estádios de Alma - Plenos poderes - Direcção do FC Porto quererá esperar pelos duplos embates com o Manchester City e Benfica para tomar uma decisão sobre a equipa técnica.
Em Barcelos, o FC Porto hipotecou muitas das hipóteses de renovar o título. O Benfica pode escorregar mas, a partir de agora, tudo será mais difícil. Como Vítor Pereira reconheceu, e elogio-o por isso, o FC Porto fez uma primeira parte desastrada. Quando se esperava uma equipa com raiva, depois da exibição caseira contra o Vitória de Guimarães, depois da nomeação de Bruno Paixão que cheirava a provocação, depois da suada e embalada vitória do seu rival na Vila da Feira, o FC Porto foi amorfo, desconcentrado, sem chama e sem garra. Helton, sem a braçadeira de capitão, cedia um frango improvável, o quarteto defensivo acumulava desastres, os gilistas entravam na grande área portista como em vinha vindimada. No meio sem Fernando, Souza não chegava para as encomendas, enquanto os irmãos siameses Moutinho e Defour recuavam em sobressalto e, depois, não se conseguiam aproximar de Varela e James, nas poucas situações em que estes tinham a bola. Vítor Pereira escrevinhava, frenético, no caderninho, esquecendo que se podem fazer substituições na primeira parte. Era assim com Pedroto, com Artur Jorge, com António Oliveira. Poderia ter invertido o triângulo espalmado, tirar Sousa ou Defour, recuar James ou dar hipótese a Belluschi ou a Danilo. Nada foi feito e, chegado o intervalo, o FC Porto acumulava, por incompetência própria e pela competência duma velha paixão, uma desvantagem impossível. Naturalmente, a milagrosa reviravolta não aconteceu, a segunda parte foi uma confusão táctica, e assim se hipotecou o campeonato e a hipótese de superar um velho recorde. Atenta às necessidades, a Direcção (do FC Porto) apressou-se a contratar Lucho, que será muito útil no balneário, e Janko que pode ser a chave para o centro do ataque. Quererá esperar pelos duplos embates com o Manchester City e Benfica para tomar uma decisão sobre a equipa técnica. Seja como for, a verdade é que este FC Porto se assemelha mais ao de Octávio do que ao de 2004/2005. Quando José Mourinho saiu, venderam-se muitos jogadores, sucederam-se os treinadores. Desta vez, Pinto da Costa não quis repetir a experiência. Por isso, só saiu um dos titulares, compraram-se bons jogadores, apostou-se em quem conhecia os cantos à casa. Não é justo, por isso, que se diga que se repetiram erros. O que sucede é que há um iniludível erro de casting e um problema de liderança. As dúvidas desvanecem-se quando os jogadores se permitem reagir às críticas justas dos adeptos, que apenas repetiram o que o treinador já dissera. Por isso, falham os jogadores consagrados, faltam oportunidades para as novas contratações, desvalorizam-se os activos, perdem-se jogos por falta de atitude, há confusões tácticas permanentes e obsessões tristes. Espero que, pelo menos, alguém exija a Vítor Pereira que não deixe Lucho em salmoura, numa inútil marinada de luxo, com Danilo, Alex Sandro e Iturbe e outros malditos…
Banho de Bola – Fernando Guerra acusa Vítor Pereira de descontrolo, de apenas proteger o seu trabalho de casa. Ora, faço minhas as palavras de Cruz dos Santos, na mesma página deste jornal: “lesado o FC Porto, após benefício do Benfica, compreendo o que disse Vítor Pereira”. Fernando Guerra lembra Guimarães, e o ano passado, a propósito da visita do FC Porto, e do pedido de desculpas de Villas-Boas. Prefiro recordar-lhe outro jogo em Guimarães, e na época passada, em que o Benfica se sentiu espoliado. Nessa altura, lia-se na capa d’A Bola: “Revolta” e “Benquerença trava Benfica”. Desta vez, depois de Barcelos, o FC Porto mereceu um raro destaque na capa, mas não se lê uma linha sobre Bruno Paixão.
Na mesma linha – Também na mesma linha, Bruno Prata escreve no Público de 2ª feira, que “o FC Porto tinha perdido até com uma arbitragem competente”. Não deixa de ser curiosa essa garantia quando, nessa noite, e na televisão, Prata reconheceu que houve dois penalties não assinalados a favor do FC Porto, e que a jogada que resultou no penalty a favor do Gil Vicente foi precedida duma irregularidade (off-side). Não acredito em classificações virtuais ou em Ligas reais, mas é lícito deixar a dúvida sobre o que é que teria sucedido se Bruno Paixão não tivesse sido tão competente. Sim, não é lapso meu. Há muitos e muitos anos que vejo o que vejo, e ninguém me convencerá que este árbitro não é hábil e competente (entenda-se, a espoliar os Dragões).
O silêncio do inocente – Quando soube das nomeações de Vítor Pereira (presidente dos árbitros) para o fim-de-semana, e conhecendo os antecedentes de Bruno Paixão e Paulo Costa, previ o pior cenário, e falei sobre isso. Deu no que deu. Ora, na época passada, depois do jogo de Guimarães que tanta revolta causou nas hostes do Benfica, e que levara Jorge Jesus a dizer que “a arbitragem condicionara o resultado e os jogadores”, Vítor Pereira deu uma conferencia de Imprensa. Desta vez, como o treinador portista apenas disse que a arbitragem condicionou o resultado e não desculpou os seus jogadores, como houve o habitual branqueamento mediático, o seu homónimo (o Vítor da arbitragem) não verá necessidade em falar. Mas, um dia, talvez se expliquem as suas nomeações e as insígnias de Bruno Paixão.
Porque não na Luz? – FERNANDO GUERRA não se conforma e voltou a criticar o Feirense por ter usado o seu renovado estádio por ocasião da visita do Benfica, desprezando a receita adicional que poderia ter em Aveiro, onde a bancada é maior. Que os adeptos feirenses tivessem de continuar a viagem para longe, é coisa pouca e, para a maioria dos benfiquistas irrelevante. Afinal, há clubes bem geridos, que sabem fazer as coisas como devem ser feitas. Foi o célebre caso do Estoril, quando optou por jogar no Algarve. Fernando Guerra garante que sabe porque razão o Feirense insistiu em usar o seu estádio. Eu (Rui Moreira) garanto que sei a razão pela qual o Estoril jogou no Algarve.
1 comentário:
Para ficar registado!
De acordo com o texto do post!
Porém na minha opinião, até ver, o Vítor Pereira tem demonstrado ser o elo mais fraco, ou seja, continuo a não acreditar que ele tenha, pelo menos, aquela capacidade que eu considero indispensável para treinar o FC Porto. E mesmo que se salve a época: o afastamento prematuro da liga dos campeões e da taça de Portugal, além dos jogos menos conseguidos na Liga portuguesa, são sinais inconfundíveis da falta de dedo para liderar o Plantel azul e branco...
FC Porto sempre!
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