sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Então e a ética desportiva?


Com o seu habitual sentido de humor Pedro Marques Lopes expõe objectivamente a situação reprovável...!


Brasão abençoado por Pedro Marques Lopes (excerto)

Não, não foi uma enorme vigarice


Claro que o Benfica não teve nada a ver com a não utilização de Miguel Rosa e Deyverson. Estou mesmo convencido que os responsáveis do Benfica ficaram tristíssimos por os dois melhores jogadores do Belenenses não terem jogado.
O presidente da SAD do Belenenses é que não quis, e pelas melhores razões: queria proteger os rapazes. Disse o Rui Pedro Soares, “e se les fossem expulsos ou falhassem um penalty?” Está bem visto, sim senhor. Era de facto um problema. Mas até podia ser pior, e se um daqueles jogadores jogava bem e marcava até, ó perigo dos perigos, um golo? Imagine-se até que o Benfica não ganhava o jogo? Era terrível, podia ser o fim da prometedora carreira dos dois moços.
Não se percebe é porque diabo o Belenenses correu o risco de ir jogar à Luz. E se, mesmo sem os melhores jogadores, tivesse ganho ou empatado o jogo? Não se pode expor os jogadores a tanto perigo, valha-me Deus.
Fica a indicação e o exemplo para todas as equipas que jogarem com o Benfica: não ponham em risco a carreira dos atletas, não coloquem, pelo menos, os melhores jogadores em campo. Não queiram, sequer, correr o risco de empatar com os da Luz.
Não, a não utilização de dois jogadores, que não estavam emprestados (não se insulte a inteligência das pessoas misturando a questão dos emprestados com esta) pelo Benfica e têm apenas contrato com o Belenenses, não foi uma vigarice sem nome; é notório e evidente que o Benfica nada teve a ver com o facto deles não terem jogado; claro está que ninguém deve ser penalizado porque não houve uma flagrante fraude desportiva que em qualquer país – dos que tantas vezes vemos citados como exemplos – levaria os dois clubes a punições gravíssimas.
Está tudo bem. Ficamos apenas a saber que jogar contra o Benfica é muito arriscado para o futuro dos atletas adversários.

Por Nuno Perestrelo


Então e a ética? (excerto)

 …Jorge Jesus: tentou demarcar-se da rábula sacudindo a água do capote.
Que não era preocupação sua; que mesmo que os dois jogassem o Benfica teria vencido. Tem remédio: oponha-se nos circuitos próprios a este atropelo à verdade desportiva.
Lito Vidigal: o treinador do Belenenses aceitou que na véspera de um jogo importante – mais pelo peso histórico que pelas perspectivas desportivas – o patrão lhe desfizesse a equipa. Não lhe disse quem jogaria, mas disse quem não jogaria. Lito fez pior: assumiu o discurso oficial e assassinou o carácter dos seus jogadores, dizendo que se jogassem estariam condicionados. Disse de Rosa e Deyverson, por outras palavras, que – coitadinhos dos tolinhos – não seriam capazes de jogar contra o antigo clube. Imagino que se o Belenenses jogar com um clube que tenha treinado, Lito se recuse a ir para o banco de suplentes.
Rui Pedro Soares: assumiu sozinho o odioso da farsa, como que penitenciando-se pelo erro de aceitar acordo ultrajante. Ser leal não o iliba de pactuar com o imoral.
Luís Filipe Vieira: está calado e vai passando despercebido. Se foi dele a ideia do acordo verbal é o principal responsável. Tendo sido ou não é o único que pode repor a legalidade – e a moralidade.

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