terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Miguel Sousa Tavares- Dá relevo a diferentes critérios

09/12/2014 - Miguel Sousa Tavares faz a denúncia correcta dos diferentes critérios de avaliação dos factos, adoptados pela comunicação social afecta aos dois grandes clubes de Lisboa: um critério rígido (distorcido) quando é o FC Porto o implicado e outro muito mais benevolente (escamoteador) para com o Benfica ou o Sporting...

Miguel Sousa Tavares (extracto)

2 Defacto, alguma coisa vai mal com a defesa do prestígio do SLB. E o jogo contra o Belenenses confirmou-o.
Juntos, Miguel Rosa e Deyverson marcaram 11 dos 15 golos que o Belenenses tem e tinha quando entrou na Luz para enfrentar o Benfica. Juntos na frente do ataque, eles responderam, em larga medida, pelo excelente campeonato que o Belenenses vinha e vem fazendo.
Tirar ambos deliberadamente de um jogo é dar ao adversário uma vantagem que outros não têm. Mas o Benfica, verdade seja dita, não se ensaia muito nessas jogadas por fora: são jogadores adversários comprados no próprio dia do jogo e impedidos de jogar contra ele (Jardel), são jogos decisivos para o título desviados do estádio do adversário para o Estádio da Luz 2, em Faro (Estoril), como se do Torneio do Guadiana se tratasse, são jogadores vendidos a outros clubes com uma cláusula verbal de não poderem jogar contra o Benfica, etc, e tal. Quando deixou dois pontos preciosos no Estoril, o FC Porto caiu, em grande parte, às mãos de um seu jogador emprestado ao Estoril e que foi até o autor do golo de penalty decisivo para o empate. Fez-se por aí um escabeche porque responsáveis do FC Porto teriam tirado satisfações dele no final, por ter cobrado, e com êxito, o penalty contra o seu clube, o clube que lhe paga o ordenado. Não foi verdade mas pegou: as satisfações foram pedidas, a quente, por ele ter andado no final, a queimar tempo, simulando uma lesão. Mas isso remete para o velho dilema do que fazer com os jogadores emprestados: devem ou não poder enfrentar o seu clube de origem? Há quem defenda que sim, para garantir a igualdade entre todos; e há quem defenda que não para proteger o jogador e os clubes envolvidos: e se o penalty do Estoril tem falhado? Confesso que, sem uma certeza absoluta, me inclino mais para a segunda solução, mas desde que haja um limite: um clube grande não pode ter dez jogadores emprestados por aí e todos eles impedidos de o defrontarem….Porém o que se passou entre o Benfica e o Belenenses foi totalmente diferente: os jogadores não estavam emprestados, tinham sido vendidos, embora com a tal cláusula verbal . Ora, isto é uma evidente batota aos regulamentos. Quem proíbe o menos, forçosamente proíbe o mais: se jogadores emprestados não podem ser impedidos de defrontarem o clube que os emprestou, mesmo que haja uma cláusula escrita no contrato de empréstimo a estabelecer tal, por maioria de razão, o podem ainda menos os jogadores vendidos e com cláusulas verbais. Em países onde o fair-play é levado a sério, como Inglaterra, isto teria consequências muito sérias para os clubes envolvidos. Mas em Portugal o fair-play não passa de uma canção para enganar tolos. Se um árbitro cujos registos não mostram, antes ou depois, qualquer favor feito ao FC Porto, aparece em casa do presidente do FC Porto, é corrupção do FC Porto, sem sombra de dúvida. Mas se um vice-presidente do Sporting é apanhado com a boca na botija a depositar dinheiro na conta de um árbitro para fingir que ele foi comprado pelo adversário antes de um jogo, aí já é um acto individual, que em nada compromete o clube. E siga o fado, conforme o refrão estabelecido. O pecado não depende do predicado, mas sim do sujeito.

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