terça-feira, 23 de março de 2010

Análise (curiosa) publicada em OJOGO


Dado que Jesualdo Ferreira considerou ter sido uma boa arbitragem o trabalho do Jorge Sousa sou forçado a concluir que os SLB têm actualmente melhor equipa, melhor banco e melhor treinador do que o FC Porto.

É triste mas é verdade...!
Taça da Liga SLB 3 FC Porto 0 - Apanhados na ratoeira de Jesus
A revalidação do triunfo do Benfica na Taça da Liga começou na cabeça de Jorge Jesus. O treinador armou uma ratoeira humana no meio-campo e… o FC Porto tropeçou nela, entalou-se e, amputado de unidades importantes, foi incapaz de reagir à campeão e de pôr em causa a superioridade mental e táctica evidenciada pelo adversário. O escasso tempo de recuperação - menos de 72 horas - entre o jogo disputado em Marselha e a final do Algarve ajudou o técnico dos encarnados a usar Aimar como segundo avançado para surpreender, trocando o habitual 4x1x3x2 por um 4x1x3x1x1. Em tese, o posicionamento do argentino fazia lembrar más cartadas de Quique Flores, o treinador que perdeu o lugar para Jesus. A prática, no entanto, destorceu os narizes revelando uma solução competente e fundamental para desequilibrar as forças. Porque El Mago, em situação de ataque, mexia-se nas costas de Kardec e funcionava como apoio, puxando para si a marcação de Fernando e arrumando o trinco junto aos centrais; ao mesmo tempo desestabilizava Raul Meireles e Rúben Micael ao rasgar um corredor na zona central para Carlos Martins se aventurar na criação, na gestão dos ritmos e dos lançamentos para os corredores laterais. E quando tocava a defender e a lutar pela posse de bola, Aimar vestia a pele de quinto médio, encostando-se à linha onde o Benfica reuniu ontem as ferramentas para estancar o FC Porto e escavar o resultado.
A fortuna, que normalmente casa bem com os audazes, também abençoou a habilidade táctica dos lisboetas, que se puseram em vantagem aos 9', num tiro frouxo de Rúben Amorim que parecia condenado a morrer nas luvas de Nuno. Não foi assim, a bola escapou-se a um guarda-redes experiente, mas menos rodado esta época, e aninhou-se nas malhas. Sim, foi um frango. À primeira oportunidade, Nuno voltou-se para os adeptos que estavam por detrás da baliza e pediu-lhes desculpa. Mas a derrocada tinha começado e… seria irreversível, embora a primeira ameaça até tivesse tido a assinatura de um portista (Rodríguez, aos 7').
A confiança exteriorizada pelos jogadores do Benfica disfarçou o desgaste causado por uma eliminatória europeia ainda bem fresca nas pernas. É verdade que Jesus fez algumas mudanças, mas só mexeu no triângulo-chave que suporta a consistência defensiva porque Javi García não passou no teste físico realizado durante a fase de aquecimento. Em vez do espanhol, jogou Airton, que superou a inesperada prova de fogo, até porque o FC Porto nunca teve um médio que assumisse declaradamente a posição dez. Rúben Micael foi pisando a zona, mas sem inspiração… nem bola para fazer mossa. Falcao, sozinho na frente, batalhou, chateou, deu trabalho a Luisão e David Luiz, mas não teve o auxílio de que necessitava. Nas alas, Belluschi (direita) e Rodríguez (esquerda) deslocaram-se frequentemente para zonas interiores, mas não prestaram a colaboração de que o colombiano precisava para romper a linha defensiva encarnada. Pesaram, e de que maneira, as ausências de Mariano e de Varela, além, claro, de Hulk.
Sempre em movimento na intermediária, como Jorge Jesus não se cansava de exigir a partir do banco de suplentes, o Benfica foi abafando. Teve mais bola na primeira parte e na esmagadora maioria das vezes soube o que fazer com ela. Este é, indiscutivelmente, um dos traços distintivos da máquina montada pelo treinador. Ontem, para se impor, a equipa não teve de ser tão intensa e contundente como fora, por exemplo, em França. Os jogadores não precisaram de correr muito, só tiveram de correr melhor. E de serem eficazes, claro. O 2-0, num livre directo batido por Carlos Martins, surgiu aos 45' e, pelo momento em que ocorreu, foi uma valente machadada no ânimo que ainda aguentava o dragão. Bruno Alves, de cabeça perdida na ida para os balneários, desnorteava e era o espelho fiel de um grupo fragilizado animicamente.
Jesualdo trocou duas peças para a segunda parte, mas manteve o 4x3x3 como estrutura táctica: Fucile rendeu Miguel Lopes, e Valeri entrou na vez de Rúben Micael, posicionando-se à direita, enquanto Belluschi passava para o vértice direito do meio-campo. Apesar das substituições, o FC Porto não melhorou. Pelo contrário, foi-se entregando a um Benfica controlador na intermediária, mas sempre de olho na baliza. Aos 62', os encarnados acentuaram o processo de gestão física. Saiu Aimar, entrou Saviola. Para se colocar junto a Kardec? Não. Para fazer o mesmo trabalho do compatriota, actuando ora como segundo avançado ora como quinto médio. Com a permuta de Martins por Ramires (67'), a equipa ficou ainda mais sólida e imperturbável. A resposta de Jesualdo foi trocar Belluschi por Orlando Sá, que se juntou a Falcao no eixo do ataque. Uma decisão que resultou numa pequena anarquia táctica, destroçando o que sobrava. O 3-0 final de Cardozo, aos 90'+2', foi só mais uma (pesada) consequência.
João Sanches em OJOGO
O FC Porto um a um
Nuno abriu uma capoeira que só Fernando tentou fechar
Nuno 2- A derrota do FC Porto começou nas mãos de Nuno; um remate inofensivo de Rúben Amorim colocou a equipa em desvantagem no marcador. Um erro imperdoável e difícil de explicar, sobretudo para um guarda-redes com esta experiência. Depois, o que se seguiu, são apenas pormenores: no segundo golo, era difícil fazer melhor; no terceiro, era impossível.
Miguel Lopes 5 - No caso do lateral, vale a pena começar pelo fim: é difícil explicar a sua substituição ao intervalo. É verdade que não estava a realizar uma grande exibição - quem estava? -, mas esteve longe, muito longe, de ser um dos piores. Aliás, apesar de ter visto um amarelo logo no arranque da partida (9'), soube manter o controlo emocional, de tal forma que raramente precisou de recorrer à falta para retirar Di Maria do jogo.
Rolando 4 - Não atravessa uma boa fase, e isso notou-se na forma como abordou a maior parte dos lances. Sem confiança, jogou quase sempre na reacção e nunca na antecipação, o que acabou por causar alguns problemas à equipa. No lance do segundo golo, por exemplo, não teve a inteligência para travar a jogada mais cedo e obrigou Raul Meireles a cometer uma falta perto da área.
Bruno Alves 3 - Parece de regresso ao passado; esteve completamente descontrolado em termos emocionais e acabou por transmitir essa intranquilidade à equipa. Não pode ter uma atitude de permanente confronto físico com os adversários - foi o que fez ontem -, muito menos sendo ele o capitão do FC Porto. No meio de tantas quezílias e provocações, acabou por ter o mérito de conseguir acabar o encontro com apenas um cartão amarelo.
Álvaro Pereira 4 - Ao contrário do que é habitual, nunca conseguiu emprestar profundidade ao jogo ofensivo da equipa, nem tão pouco consistência defensiva, sobretudo quando foi necessário fechar em zonas mais centrais. Apesar disso, não foi por ele que os portistas perderam a final da Taça da Liga.
Fernando 7 - Grande, grande, grande exibição no regresso à competição depois de mais um mês de ausência devido a lesão. Foi o único que conseguiu minimizar os estragos produzidos pela equipa do Benfica; dobrou os laterais, ajudou os centrais e ainda compensou a pouca inspiração defensiva dos médios que o acompanharam. No rescaldo de uma derrota pesada, pode dizer-se que foi o único jogador do FC Porto que esteve ao seu nível.
Rúben Micael 3 - Um zero completo, 45 minutos de puro desperdício. Afinal, o que se passa com Rúben Micael? Onde anda aquele médio que arrancou em grande no FC Porto? Sentiu enormes dificuldades para pegar no jogo ofensivo da equipa e acabou por passar completamente ao lado da primeira final da carreira.
Raul Meireles 4 - Muita vontade, pouco esclarecimento. Esteve sempre mais preocupado em defender - o que não quer dizer que tenha sido eficaz - do que propriamente em contribuir na fase de construção de jogo. Continua longe da melhor forma.
Belluschi 5 - Surgiu na equipa titular no lugar de Varela e demorou algum tempo para entrar no jogo; depois de um período inicial em que multiplicou os passes falhados, subiu de produção e foi um dos principais responsáveis pelo melhor momento do FC Porto na partida. Na segunda parte, Jesualdo puxou-o para o meio, e ele… desapareceu.
Rodríguez 4 - Teve o primeiro remate de perigo do jogo (7') e voltou a surgir na área de finalização logo no início da segunda parte (46'). Dois momentos que ajudam a explicar a exibição do uruguaio: tentou, trabalhou, lutou, mas falhou sempre na hora de definir as jogadas. Terminou o jogo em dificuldades, uma vez mais por problemas na coxa esquerda…
Falcao 5 - Travou uma luta desigual com os dois centrais do Benfica, da qual dificilmente podia ter saído a ganhar. Apesar de desacompanhado no ataque, nunca se escondeu do jogo, mas só teve possibilidade de tocar na bola em zonas mais recuadas, muito por culpa da ausência de ideias do resto da equipa.
Fucile 3 - Entrou no arranque da segunda parte, mas não trouxe nada de positivo à equipa, tendo voltado a demonstrar que atravessa uma fase menos positiva na carreira.
Valeri 3 - Tem técnica, mas nunca a soube aproveitar. Foi uma vez mais lento a executar e faltou-lhe agressividade para ser uma aposta produtiva na partida.
Orlando Sá 3 - A última aposta de Jesualdo também falhou. Não acrescentou presença na área nem tão-pouco fora dela…
Pedro Marques Costa em OJOGO

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