domingo, 15 de junho de 2014

O que o futebol deve ao FC Porto e enredos na Liga

15/06/2014 - Extracto da crónica de Pedro Marques Lopes

Por muito que custe

Sou do tempo em que a equipa portuguesa ia muito raramente a Mundiais ou Europeus – e a geração antes da minha ainda se pode queixar mais. Agora as idas são rotineiras. O que dantes era um feito, seria, agora, um verdadeiro escândalo não acontecer.
A democratização fez crescer o País em todas as dimensões. O futebol deixou de ser território de dois clubes que dominavam a seu bel prazer – com a bênção do regime – todas as suas estruturas, o crescimento económico do País trouxe mais dinheiro, apareceram outros focos de desenvolvimento gerando menos ,macrocefalia (que, infelizmente, ainda subsiste em demasiados aspectos) e, como é normal, a liberdade fez crescer os mais bem preparados e penalizou os acomodados. Mais liberdade e menos privilégios, geram a necessidade de mais trabalho e exigem mais competência.

Para quem tem problemas de memória, nunca como nestes últimos trinta anos o futebol português foi tão forte e tão reconhecido: as tais presenças nas principais competições de selecções com finais e meias finais, sete taças internacionais de clubes, treinadores reconhecidos mundialmente, dos melhores jogadores do mundo, vedetas internacionais a jogar no nosso campeonato.
Tenho poucas dúvidas de que um dos grandes responsáveis pela fantástica evolução do futebol português foi o FC Porto. Mais do que ter mais ou menos jogadores na equipa nacional, a cultura de trabalho, de luta, de empenho, de profissionalismo e de competência que o FC Porto mostrou nos últimos trinta anos ajudou, e de que maneira, a mudar o futebol português e, claro está, a Seleção Nacional. O FC Porto foi, e é, o exemplo que as selecções seguiram e que alguns clubes tentaram imitar.
O facto é que a hegemonia do FC Porto no futebol português e as suas vitórias internacionais coincidem com a afirmação da nossa seleção como uma das mais importantes do mundo. É impossível não as associar. Não, não há coincidências.


Liga e... por José Couceiro

Há situações que nos deixam perplexos pela originalidade, pela criatividade, pela capacidade de nos surpreender, em que não conseguimos encontrar uma lógica no processo. Por vezes estamos perante alguém brilhante, alguém que consegue encontrar uma solução, que depois de apresentada, dá a sensação que sempre esteve à frente dos nossos olhos mas que nunca conseguimos ver. Os processos simples, são muito difíceis de obter.
O processo eleitoral na Liga reflecte bem um quadro surrealista, em que vários actores se associaram para o criar. Uma obra de qualidade medíocre, mas que vai perdurar nas nossas memórias.
Sempre pensei que se conseguisse perceber que o modelo de gestão do futebol profissional passava pela criação de consensos, não unanimidades, que permitissem encontrar soluções de compromisso para viabilizar um negócio que só tem sucesso quando encontrado um modelo de cartel. Percebe-se que quando não se tem risco directo no negócio, o capital na maior parte dos casos é subscrito pelos sócios, podem-se utilizar armas populistas para colocar as massas ao rubro. São os novos heróis, com espaço mediático, que não se importam que tudo seja destruído à sua volta, desde que eles próprios sejam idolatrados.
Contudo, a História mostra-nos que este aparente sucesso, é isso mesmo, aparente e temporário. O problema é que a imagem não se consegue apagar.
Bem pelo contrário solidifica-se.

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