13/01/2015 - …Mas também, por ouvir contar, soube que o Vitória de Guimarães não tinha dado luta alguma, coisa que pouco me admira. Não partilho (talvez por injustiça da minha parte) dos desbragados elogios que têm sido feitos à equipa de Rui Vitória – e que não por coincidência, certamente, começaram assim que o Vitória arrancou um empate em casa com o FC Porto, só possível devido a duas decisões de arbitragem que ditaram um resultado falso como Judas. De então para cá, vi o Vitória jogar bem umas vezes (com o Sporting, por exemplo) e jogar mal outras, numa inconstância de rendimento que é quase sempre o traço de identidade de uma equipa média que previamente renuncia a tentar ir mais além. No final do campeonato veremos se eu tenho ou não razão.
3 Acho o Braga bem mais equipa e bem mais capaz de enfrentar de cara erguida os grandes momentos – como foi o da única e justíssima derrota infligida ao Benfica neste campeonato. Contra o Sporting, o Braga não esteve nos seus melhores dias, enfrentando um Sporting que, esse sim, fez dos melhores jogos que lhe vi fazer – em especial os primeiros 25 minutos da segunda parte, em que podia ter resolvido o jogo. Mas a prova de que o Braga não é uma equipa qualquer, é que, tendo resistido a esse período de sufoco, deu a volta por cima, retomou o comando do jogo e estava por cima quando aquele pontapé perfeito de Tanaka lhe roubou todos os pontos, ao minuto 95. Julgo que a vitória do Sporting não é absolutamente injusta, mas o empate talvez fosse o resultado mais justo. Até porque, adoptando os habituais critérios de arbitragem reclamados a seu favor pelos sportinguistas, pareceu-me claro que ficou um penalty por assinalar a favor do Braga ao minuto 87, quando Pedro Santos é tocado duas vezes na área do Sporting por dois adversários. Se tem sido ao contrário, já cá estariam fora dois comunicados do Sporting a reclamar e os seus camisas negras (que também apareceram agora em Braga) já estariam a preparar a próxima operação de desforra.
4 O FC Porto – Belenenses tem pouca história para contar – apenas aquela que corresponde ao tempo que os portistas se dispuseram a dar-se a trabalhos. Frente a uma equipa cansada e destroçada pelo massacre ocorrido em Braga, dois dias antes, e a ganhar desde os 10 minutos, tudo parecia um cenário de encomenda para um daqueles jogos em que a equipa regala os adeptos com uma exibição farta em golos e em futebol. O tempo estava de encomenda, o relvado perfeito como sempre, 27.000 pessoas na bancada, um adversário à mercê, não faltava nada para encher o saco. Melhor ainda quando, logo ao segundo minuto da segunda parte, Óliver subiu a parada para 2-0, e todos se perguntaram quantos mais se seguiriam até ao final. Mas, não: o que seguiu foi uma indolência total, um ritmo de slow para fazer filhos na pista de dança, um quase absoluto desinteresse pelo jogo. E só graças à reacção de Maicon, oferecendo o corpo à recarga vitoriosa, não houve um susto no final, quando Fabiano resolveu repetir a graça de largar uma bola rasteira para a frente, como fez contra o Benfica com consequências que só a uns meses poderemos avaliar em toda a sua extensão. E dei comigo a pensar que desde Vítor Baía, já lá devem ir uns seis ou sete anos, que o FC Porto não tem um guarda-redes que lhe transmita uma confiança absoluta. Penso que Fabiano até é um bom guarda-redes, melhor que Helton, mas isso não chega, quando se defende a baliza de uma equipa que passa 80% dos jogos a ataque: o mínimo exigível é não falhar uma única defesa fácil, não oferecer golos que, de outro modo, o adversário não conseguiria.
Eu sei que ao queixar-me de que a equipa só jogou verdadeiramente uma meia-hora, mesmo num jogo em que venceu por 3-0, estou a ser porventura demasiado exigente. Mas os grandes adeptos do FC Porto são exigentes e não tenho uma dúvida de que essa exigência contribuiu também, em grande parte, para a história dos triunfos portistas nas últimas três décadas. A nós, portistas, não nos basta ganhar apenas no campeonato e como ganha o Benfica desta época. Nem nos basta viver a reclamar de factores alheios, como faz o Sporting de sempre. Mesmo quando lançam mão de expedientes contra nós que ninguém mais teve de suportar – como uma operação montada no túnel da Luz para tirar do campeonato Hulk, ou quando inventaram os “processos sumaríssimos”, unicamente aplicados a jogadores portistas como Quaresma ou Deco – nós não deixamos de continuar a exigir o máximo da equipa. Ser portista é uma cultura à parte.
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