terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Miguel Sousa Tavares em A Bola (extracto)

1 – Há um fenómeno muito engraçado entre os jornalistas lisboetas: quando os presidentes dos clubes da capital abrem a boca, não há microfone nem gravador que lhes cheguem ou elogios que lhes escapem; (oh Miguel a conclusão só pode ser uma: a de que os jornalistas lisboetas na sua cegueira fanática, dar relevo a palhaçadas e baboseiras só pode significar que perderam completamente a noção do ridículo) mas quando é o presidente do FC Porto (de todos, aquele que menos fala ao longo do ano), a vir dizer alguma coisa, caem-lhe todos em cima e não lhes chega o papel de jornal ou as luzes televisivas para zurzirem nele. Por vontade do press corps alfacinha, o presidente portista devia, pura e simplesmente, ser vetado da imprensa (amordaçado).Muitos dos que são capazes de escutar durante horas ou lençóis de jornal Vieira ou Bruno Carvalho a dizerem (disparates) o que querem, sem interrupções, contraditório, objeções ou sequer dúvidas, não admitem que Pinto da Costa possa falar em defesa do seu clube quando, bem ou mal, entende ter razão para o fazer. Na democracia que aparentemente defendem, todos são livres de ter opinião – desde que ela coincida com as suas e com as que convém ter.
Na entrevista ao Porto Canal, e na parte que os incomodou, Pinto da Costa limitou-se a enunciar dois factos que foram públicos e notórios: que, no jogo do Estoril, o FC Porto empatou 2-2, sofrendo um golo em off side e outro de penalty assinalado a uma falta fora da área; e que, no jogo da Luz, o árbitro cortou uma jogada de golo iminente para assinalar uma falta a favor do FC Porto e fez vista grossa a dois penalties a seu favor. É certo, como o escrevi a semana passada, que antes tinha cometido dois erros contra o Benfica, mas esses não tiveram influência no resultado (e, esclarecendo algumas tentativas de sustentar o contrário com o argumento de que no penalty a favor do Benfica não assinalado Mangala devia ter visto o segundo amarelo e seria expulso, é bom recordar que nem antes nem depois ele viu qualquer amarelo). Se a arbitragem de Soares Dias tem acontecido ao contrário, eu nem quero imaginar o escândalo que por aí iria! Mas a imprensa desportiva lisboeta é muito eficaz a fazer vista grossa ao que não lhe convém ver. Os erros determinantes de Soares Dias na Luz passaram como um fait-divers, ultrapassado pelo resultado final. O mesmo com a arbitragem do Sporting-Marítimo para a Taça da Liga, quarta-feira passada, escamoteando dois penalties gritantes aos madeirenses e que podem muito bem vir a ser decisivos no apuramento do Sporting. Ou com o Arouca- Sporting de sábado, onde três erros ligeiros do árbitro foram todos para o mesmo lado e até tiveram influência no desfecho: o primeiro golo do Sporting, nascido de um canto mal assinalado; um jogador do Arouca travado, quando ia entrar na área isolado, por um off-side que também não existiu; e um jogador da casa expulso com dois amarelos, qualquer deles injustificado. Também o Benfica-Marítimo de domingo, com o segundo e decisivo golo encarnado a sair de um off-side , em contraste com dois off-sides mal marcados ao ataque maritimista. É sem dúvida, uma coincidência conjuntural de erros determinantes sempre em favor dos dois grandes de Lisboa. Acontece, e não serei eu, sinceramente, a ver nisto tudo as habituais teorias da conspiração que, em casos opostos, tantos são tão rápidos a ver. Mas daí até ao branqueamento, daí até exigir que o presidente do FC Porto se mantenha calado face ao que está à vista, vai uma diferença que diz tudo sobre o que se pretende. Convém nunca esquecer que esta é a mesma imprensa que, sempre tão pronta a saltar sobre o FC Porto à menor acusação ou insinuação sobre ele lançada por qualquer imbecil em busca de protagonismo, pura e simplesmente fez de conta que não deu pela publicação de um livro chamado Jogo Sujo, da autoria do ex-jogador dos três grandes e do Boavista, Fernando Mendes, onde se conta como é que o Boavista ganhou um campeonato ao FC Porto. Mas, tivesse-o ganho ao Benfica ou ao Sporting e eu queria ver se o silêncio era o mesmo!
2 . Interessante sim, é a outra parte da entrevista de Pinto da Costa, para destinatários internos. Quando ele sai em defesa do treinador (e só o faz porque sentiu necessidade disso…)…

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