09/09/2014 - Miguel Sousa Tavares retracta Bruno de Carvalho (extracto da crónica em A Bola)
3 – De partida para um desconhecido encontro sobre futebol, em Manchester, Bruno de Carvalho não foi de meias-medidas. ”As pessoas” – disse ele – “têm vontade de nos ouvir, pois consideram que o Sporting é um exemplo daquilo que é a gestão e a modernidade que é precisa para o futebol… Um Sporting inovador, a pensar o futebol de forma diferente, convidados e olhados como um clube de elite mundial naquilo que tem a ver com a sua gestão”.
Sem perder tempo com falsas modéstias, antes reclamando a sua “competência, rigor e conhecimento”, Bruno de Carvalho lá foi, então, apresentar uma comunicação com o título Como dirigir um clube de sucesso. Só espero que não haja ninguém na plateia que lhe peça para elencar os seus invocados “sucessos” – no Sporting, na Liga de Clubes ou algures. É isto que mais me delicía nos sportinguistas: antes de ser, já o são; em vez de terem sido, já o foram. Gerações de brilhantes gestores, dotados de “conhecimento, rigor e competência”, passaram pelo Sporting e todos deixaram um lastro de “sucessos” de que a história guarda memória. Já o Liedson – como dezenas de outros jogadores e treinadores que passaram pelo Benfica e pelo Sporting e, a seguir, pelo FC Porto, chegou a outra conclusão: após sete anos de Sporting onde nada ganhou, e cinco meses de FC Porto, onde jogou meia-hora e foi campeão, disse, quando interrogado sobre a diferença entre os dois clubes: “No FC Porto há uma organização profissional”. Deve ser a isso que Bruno de Carvalho se quer referir quando fala no “vale tudo para ganhar”, que, segundo ele, é a regra em vigor no FC Porto. Palrar é fácil.
A minha análise
O que vale a pena sublinhar, realçar, salientar, por deveras importante, de toda a crónica do Miguel, é a prosa dirigida ao aprendiz de feiticeiro líder dos calimeros. O facto é que até a elite dos sportinguistas mais esclarecidos está predisposta a conceder a Bruno de Carvalho o benefício da dúvida, enquanto o: trauliterismo e fanfarronadas de Bruno de Carvalho produzirem efeitos no campo do sucesso desportivo. Estão até dispostos a abdicar do bom senso, da coerência e urbanidade, se isso se vier a traduzir nos lugares cimeiros da classificação geral da Liga de Clubes, ou seja, ganhar jogos de futebol.
Eles os calimeros, que tanto parecem pugnar pela ética e verdade desportiva, no fundo, o que pretendem é alcançar os fins sem olhar a meios…!
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