sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Extracto de Uma luzinha ao fundo do túnel por PML

Secretarias, túneis e tristes figuras
Mais uma semana importante para a moralização do futebol português.
O presidente do Sporting continua a assinar boas exibições nos campos em que o clube de Alvalade escolheu agora para jogar: secretarias e meios de comunicação social. Tivemos, também, uma espécie de
comemoração dum acontecimento que contribuiu fortemente para a conquista do campeonato de 2009/2010 pelo Benfica. Talvez hoje consigamos saber se a berraria e o desprezo pelos mais básicos princípios dum Estado de Direito – a não inversão do ónus da prova e o direito a ser ouvido num processo - , se sobrepõem à Justiça. Pode até ser o dia da descoberta do Ovo de Colombo do futebol português: o erro estava em tentar derrotar o FC Porto no campo. Já que com a mania de ter os melhores jogadores, os melhores treinadores, a melhor organização, o FC Porto se torna muito difícil de bater em campo, a melhor maneira será jogar na secretaria. Tem inúmeras vantagens. A esmagadora maioria dos agentes desportivos está cansada de ver o FC Porto a ganhar, logo é fácil encher jornais, rádios e televisões com gente a berrar contra o FC Porto; é também, escusado contratar bons jogadores, treinadores e gestores, a coisa faz-se com advogados e uma rapaziada em órgãos das Ligas e Federações que perceba que vale tudo para prejudicar o FC Porto.
Aconteça o que acontecer neste patético caso, as vilanias e as pouco escrupulosas campanhas contra o FC Porto vão continuar – as tristes figuras são as mesmas, só o autor é diferente. Já são antigas, diga-se em abono da verdade, e não será preciso lembrar as mais variadas tentativas.
Uma das bem sucedidas, e de que esta semana fomos lembrados, foi a história do túnel da Luz. A tal em que os jogadores do FC Porto depois de terem sido tratados por srs. drs. e vexas desataram aos pontapés aos pobres stewards que apenas os queriam confortar pela derrota. O azar do FC Porto foi tão grande que perdeu durante 18 jogos o melhor jogador do campeonato. Preventivamente, claro está. A sentença definitiva foi um bocadinho menor…quatro jogos. Um enganozito deu direito a catorze jogos sem um dos melhores jogadores do mundo.
Não me recordo de campanhas para a moralização do futebol português, nem de moralistas a rasgar as vestes perante tão inqualificável vergonha, mas devo estar desmemoriado. Mas ainda rio às gargalhadas com a lembrança dos discursos no fim do campeonato a anunciar o encerramento do ciclo do FC Porto. No ano seguinte ganhamos tudo o que havia para ganhar, com direito a goleada no Dragão e banho na Luz. Curiosamente, nessa temporada a secretaria não entrou em campo.

5 comentários:

Dragaoatento disse...
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Dragaoatento disse...
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Dragaoatento disse...
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Dragaoatento disse...

Não é que a equipa do FC Porto já apresente níveis aceitáveis e que os seus defeitos de base tenham desaparecido.
Nada disso. Os erros de construção tática, as falhas de liderança, a falta de competência para controlar um jogo, os equívocos na escolha dos jogadores, continuam lá e não parece que nada de substancial se vá alterar. Mas já não era nada mau que a equipa estabilizasse e nos desse exibições como a que fez contra o Gil Vicente ou mesmo como a de ontem.
Claro está, com a incapacidade que a equipa tem de controlar o jogo e com a inacreditável desconcentração que mostra em momentos chave não é possível ganhar jogos a clubes habituados a competições como o campeonato alemão, ou até de menor qualidade. Não é em vão que o FC Porto ainda não conseguiu vencer este ano, para competições europeias no Dragão. E, repetirei até que a artrose me tolha os dedos, não é por falta de qualidade do plantel. Paulo Fonseca não está, pura e simplesmente preparado para treinar uma equipa como a do FC Porto. Pode ser que um dia esteja, mas ainda não está.
No campeonato cá do burgo, e não é pela qualidade da equipa, mas por os principais adversários apresentarem uma baixíssima qualidade de jogo, as recentes menos más exibições mostram ser perfeitamente possível ao FC Porto chegar ao título.

Dragaoatento disse...

Uma das principais razões para a ainda muito ténue melhoria da equipa é a entrada de Quaresma para o onze. Não propriamente por aquilo que trouxe à equipa em termos individuais. O extremo, que não quis ser um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos, ainda não conseguiu mostrar todas as suas fantásticas qualidades, longe disso. Mas, como foi notório no jogo contra o Eintracht, Quaresma tem magia nos pés – só ele para marcar aquele golo - , e pode resolver um jogo num lance.
É assim normal que os adversários tenham um enorme receio do que ele possa fazer, que não só condiciona as zonas em que ele se movimenta, mas sobretudo outros setores do terreno de jogo.
Ao fixar adversários na linha, sobretudo quando joga do lado direito do ataque, alarga o campo, coisa que até à sua chegada não acontecia. Assim, abre a possibilidade de Varela se chegar mais perto da zona central do ataque. O tantas vezes injustiçado avançado não é um extremo. O que ele de melhor tem para oferecer é a capacidade de explorar o um contra um em zonas centrais do ataque e uma belíssima capacidade de finalização. Quaresma deu-lhe outra vez esse espaço. Não foi, aliás, surpreendente que Varela tenha estado tão apagado no jogo contra os alemães – apesar do golo. Quando joga pelo lado direito não consegue fazer diagonais e passa a extremo: é raro passar da vulgaridade.
Também Herrera é uma mais valia colateral da chegada dum verdadeiro extremo. O engarrafamento do meio-campo não deixava que as suas grandes qualidades pudessem surgir. Também ele beneficia muito dum campo mais largo para que possa aproveitar as suas qualidades de rompedor e a sua agressividade no espaço atacante. Nunca será um construtor do primeiro terço do campo, e muito menos um trinco – basta lembrar os golos que ofereceu na equipa principal e na B quando nessa posição. Colocá-lo ao lado do Fernando será matar um jogador que pode ser um caso muito sério.
Se Paulo Fonseca não quiser dinamitar o que depois de quase trinta jogos é evidente para todos – parece que até para ele - , se não desestabilizar a equipa mais uma vez, se mantiver o desenho do meio campo dos últimos jogos, o FC Porto tem todas as possibilidades para ser campeão. Apesar dele.