quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A crónica do Miguel e a minha análise

06/08/2014 - A crónica de Miguel Sousa Tavares confirma tudo aquilo que os portitas já sabiam, desde o facto do Jackson (ou um outro goleador de nível semelhante) ser indispensável ao rendimento da equipa, até ao ponto da equipa portista estar já no bom caminho para se impor na liga portuguesa.

Existe porem uma pequena nuance entre a minha avaliação dos factos e a do Miguel . É que o Miguel aborda o tema dos autores das trapaças destinadas a beneficiarem os dois clubes da segunda circular lisboeta mas não lhes atribui importância decisiva, já eu considero que tais nefastas influências a continuarem, vão de certeza inquinar o campeonato logo à partida de tal modo, que vão ser decisivas a promoverem (beneficiarem) os clubes Benfica e Sporting a que estão associadas .
Há portanto que mudar os actores directivos de determinados cargos a fim de ser garantida a tal transparência que todos apregoam mas que poucos desejam.


O Circo crónica de Miguel Sousa Tavares

1 Como todos os Verões, também este ano o Circo Victor Hugo Cardinali chegou à cidade de Lagos e instalou-se num descampado em frente ao campo do Esperança FC. Aí, soltou, entre grades exteriores, os seus animais de referencia: leões, camelos, elefantes, cavalos. Ao ver o Circo Victor Hugo Cardinali, brilhante representante de uma dinastia de artistas de uma actividade já quase em desuso mas que fez feliz gerações de crianças, lembrei-me de outro circo ainda em actividade, mas este sem qualquer brilho, nem préstimo, representando apenas a absoluta falta de vergonha e podridão moral: o circo em que está transformada a Liga de Clubes. Também este circo tem leões, que o controlam e dominam, e outros animais que se imaginam selvagens, mas que não passam de pré-históricos. E palhaços, tristes e variados.
Um dos personagens inenarráveis deste circo é o dr. Carlos Pereira, o insigne presidente da mesa da assembleia-geral da agremiação. O tal que inventou um método infalível para evitar que o seu companheiro de assalto, o presidente Mário Figueiredo, fosse destituído pela vontade da grande maioria dos membros da Liga, recusando-se a convocar a assembleia para tal, sob o despudorado argumento de que não concordava com as razões da destituição. E que depois inventou ainda um fabuloso esquema para conseguir reconduzir o dr. Figueiredo no seu tacho (15000 euros por mês, segundo Martins de Sá, mais alcavalas várias, carro de luxo e motorista): chumbou as candidaturas concorrentes e declarou a dele, todavia declarada irregular pelo CJ da FPF, como a única válida. Foi a tal manobra que deu pretexto ao mais inesquecível discurso alguma vez feito por alguém do futebol – o tal sobre os gazes e outros eflúvios em proveniência da parte terminal do aparelho digestivo – verdadeiro marco da cultura e da história do Sporting Clube de Portugal. Um discurso, note-se, de apoio total ao assalto à Liga por parte desta triste gente.
Não sei porque razão este jornal tem o hábito de, volta e meia, dar a palavra longamente ao infeliz Carlos Pereira, como se ele tivesse alguma coisa de relevante para dizer que não estivesse já plasmado na sua cara e nas suas descaradas manobras. Agora e com a anulação das eleições por ele organizadas, a oportunidade para o ouvir foi a sua inacreditável recondução em funções, fruto dos meandros jurídicos em que o futebol português é fértil e deixando adivinhar, evidentemente, nova chapelada promovida pelos mesmos. Da entrevista, publicada há dias, retive duas coisas: uma, a profundidade dos conhecimentos jurídicos do dr. Carlos Pereira, bem patente na teoria que engendrou para excluir a lista de Fernando Seara das eleições anteriores. A lista, diz ele, estava incompleta, não contendo nomes para os órgãos sociais – e embora forçado a reconhecer que tal exigência não está contida nos estatutos, ele descobriu que, não sendo tal proibido, também não é expressamente permitido. É assim como se um polícia nos estivesse a multar por estacionamento proibido num local sem qualquer indicação de tal e, perante os nossos protestos, ele explicasse: “De facto, não está proibido, mas também não está permitido”. Em que Faculdade de Direito terá o homem sacado o seu canudo?
Mas o mais importante que retive da entrevista com este preclaro jurista foi a sua justificação última para todas as batotas que promoveu e levou a cabo na Liga de clubes, a razão última para manter o dr. Mário Figueiredo e a sua tropa de assalto. Após jurar que há-de morrer a ser do Benfica e a “lutar contra as trevas”, ele explica em que consiste a sua cruzada: evitar que Benfica e Sporting “fiquem mais dez anos sem ganhar nada”. Ou seja, preto no branco: ele e os outros estão lá, agarrados aos lugares, com recurso a todas as golpaças possíveis e imaginárias para beneficiarem o Benfica e o Sporting, evitando que o FC Porto possa continuar a ganhar. Eu já o sabia, mas dito por um deles tudo fica mais claro. Assim como fica mais clara à afirmação da direcção do Sporting, depois de as eleições por si cozinhadas terem sido anuladas pelo CJ da FPF, de que “continuará a pugnar pela transparência e pela verdade desportiva”. De facto, ultrapassaram de há muito o limiar da sem-vergonha e nem se preocupam já em disfarçar. O que não diriam se o FC Porto tivesse tomado assim de assalto a Liga de Clubes, se os seus homens de mão tivessem recorrido a todo o tipo de trapaças para se agarrarem ao poder contra a vontade esmagadora dos outros clubes e se ainda, por absoluta incompetência, tivessem conduzido a Liga de Clubes à ruína e à paralisação e, no fim de tudo, ainda se louvassem de estar a travar uma cruzada para evitar que Benfica e Sporting pudessem ganhar?

2 Em Liverpool, contra o Everton, 5º classificado da Liga Inglesa, vi um FC Porto que dominou por completo o jogo e o adversário, de princípio a fim. Mas que em meia parte em estilo espanhol, digamos assim, sem ponta-de-lança e com três avançados flutuantes, controlou todo o jogo mas nem cheirou a baliza, num futebol tão seguro quanto estéril e aborrecido. E uma segunda parte em que já com Jackson Martinez, de regresso ao seu estilo clássico de jogo, prometeu bem mais. Em termos individuais de trás para a frente, espero que o erro tremendo de Fabiano no golo dos ingleses lhe tenha servido de lição para toda a época, pois que, na hora da sucessão de Helton, se há coisa que dispensamos outra vez é guarda-redes que comprometem com erros impensáveis nos momentos mais importantes. Nas laterais, Danilo tem de aprender a centrar em condições para aproveitar a facilidade com que se integra no ataque e Alex Sandro não terá nada a temer da concorrência do último espanhol desembarcado no Dragão – José Angel – cujos 15 minutos de estreia foram assustadores. (nesta última avaliação creio que o Miguel está a ser um pouco precipitado, pois acredito que José Angel quando estiver perfeitamente adaptado, bem entrosado e em forma, dará muito mais luta ao Alex Sandro. Depois há que confiar um pouco na competência de quem indicou o JA). Martins Indi deu boas indicações, mais lento e menos espectacular que Mangala, mas mais posicional e calmo, e Maicon mostrou que é agora indispensável. Na posição 6, não há, neste momento, concorrência à altura dos surpreendentes desempenhos do miúdo Bruno Neves – ainda para mais, português e da formação (do FC Porto).
No meio campo criativo, grande destaque para Brahimi e Oliver Torres, numa zona onde existem ainda Quintero, Carlos Eduardo, Herrera e Casemiro (que também é 6): foi fome que deu em abundância. Nas alas, nova desilusão do tão celebrado Adrian López, (aqui também há que aguardar para ver se o dito/cujo é jogador pendular ou de engate), boas indicações de Quaresma e Tello, e ainda sobram Kelvin e Ricardo. Na frente, como já foi escrito, Jackson surge como uma das principais aquisições – desde que daqui até 31 de Agosto não se consume uma desagradável reviravolta.
Enfim, parece faltar apenas uma alternativa a Jackson Martinéz para que Lopetegui se possa dar por imensamente satisfeito com a equipa (plantel) que lhe puseram à disposição. Nem mesmo a continuação da “transparência” e da “verdade desportiva”, em versão lisboeta, lhe poderá servir de salvaguarda para uma época de insucesso. Que todos os portistas acreditam que não acontecerá.

2 comentários:

Jorge Vassalo disse...

Bom dia caro Dragão Atento,

Temos de contar que vamos jogar sempre contra 15. E ponto final. Temos de ser tão avassaladores que compensem faltas inimiaginaveis, penalties inventados.. já se sabe. O "nomeações" estará lá sempre.

Mas também é ser Porto.

Abraço.

Dragaoatento disse...

Pois, é isso mesmo...! Mas que é capaz de ser difícil é...
Vamos ter de ser mais acutilantes a denunciar as manobras dos tipos...

Abraço