quarta-feira, 9 de julho de 2014

A verdade desportiva dos sportinguistas

08/07/2014 - A verdade desportiva dos sportinguistas na era Bruno Carvalho

Miguel Sousa Tavares (extracto)

4 - Tenho muito respeito por Augusto Inácio e não esqueço o que o FC Porto lhe deve, como jogador e como treinador. E também percebo que, no novo Sporting, da transparência e de Bruno de Carvalho, convém adoptar obedientemente o discurso oficial.
Mas, porque tenho respeito por ele, lastimo que Augusto Inácio não revele, já nem digo respeito pela verdade, mas, ao menos, pela inteligência alheia. Quando na gala do Sporting, talvez empolgado pela presença dos seus dois presidentes (o do clube e o da Liga de Clubes), ele veio afirmar "esperamos que haja verdade desportiva, porque, no ano passado, nos momentos-chave, houve sempre um dedinho a impedir-nos de somar pontos e com os outros foi ao contrário", Inácio prestou-se a gozar connosco. Ora, por favor, deixe-me reavivar a sua memória desportiva. Dois desses momentos-chave, foram, como é evidente, os dois jogos contra o FC Porto, onde se decidia o segundo lugar e o consequente acesso à Champions - que, só por si, vale oito milhões de euros. E o que sucedeu nesses dois jogos? No primeiro, no Dragão, nada: o FC Porto ganhou 2-0 sem espinhas e nem a mais exaltada voz sportinguista se ouviu a reclamar o que quer que fosse. Em Alvalade, sucedeu isto: com 0-0, Jackson foi abalroado pelas costas por Cédric, quando, isoladíssimo, ia cabecear para a baliza deserta, a um metro de distância. Era penalty, expulsão e, muito provavelmente, o 0-1, mas Pedro Proença, por razões que talvez um dia explique, preferiu fingir que não tinha visto nada. E depois foi o golo da vitória do Sporting, por todos reconhecido como tendo nascido em off-side. Este momento-chave também entra nas contas de Inácio? E, quando fala no benefício dos outros, estará a pensar nos 8 a 10 (dez!) pontos que o FC Porto perdeu, devido a decisões erradas de arbitragem, nas deslocações a todos os estádios dos seus adversários mais próximos - Luz, Alvalade, Estoril e Choupana? Devo concluir que, para este ano, o Sporting e Augusto Inácio ainda querem mais? Claro que eu sei que sim, mas, caramba, que haja ao menos algum decoro: só passaram uns meses e ninguém esqueceu ainda!

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