quinta-feira, 10 de julho de 2014

Profissionalismo e equilíbrio das contas

10/07/2014 - Profissionalismo, estratégia, rigor, disciplina, maturidade, competência, autocontrolo...etc...etc...

José Manuel Ribeiro (extracto)

Há um dicionário inteiro de palavras que, de repente, parecem aplicáveis apenas aos alemães, por muito injusto que seja (e é) para várias carreiras: profissionalismo, discernimento, estratégia, inteligência, rigor, disciplina, maturidade, competência, autocontrolo. O extraordinário nem foi a meticulosidade dos alemães: foi a bandalheira dos brasileiros e a candura dos portugueses, à revelia da sofisticação que o futebol atingiu e de tudo o que um futebolista é obrigado a saber hoje em dia. Nesse aspecto, é justo dizer que a selecção de Paulo Bento pode queixar-se, porque o Brasil, comandado por esses Winstons Churchills da bola que são David Luiz e Marcelo, ultrapassou em muito o amadorismo do Alemanha-Portugal e, se calhar, tudo o que se viu em meias-finais do campeonato do mundo. Os alemães impressionam, e seriam uma selecção estratosférica em qualquer contexto, mas há mínimos exigíveis e os brasileiros nem andaram perto. São uma geração desmiolada. Também.

Investimento descomunal, equilíbrio das contas, regresso à normalidade

Jorge Maia (extracto)

A venda de Markovic ao Liverpool parece ser a confirmação que faltava de que o Benfica está mesmo a atravessar um inesperado processo de demolição do plantel que dominou a última temporada. Garay já tinha saído a preço de saldo, não foi possível segurar Siqueira, Rodrigo está numa espécie de purgatório à espera que lhe digam para onde vai, Gaitán, Salvio e Enzo Pérez têm um pé entalado na porta de saída, Oblak tem convites (Atlético Madrid), Cardozo desta não passa e até Maxi Pereira já é dado como eventual baixa.

Um cenário impressionante que diz alguma coisa sobre a dimensão do trabalho que Jorge Jesus deverá ter pela frente durante os primeiros meses da temporada, é verdade, mas diz mais ainda sobre o esforço de investimento absolutamente descomunal que o Benfica fez durante a última época para lhe oferecer um plantel muito acima das possibilidades do clube e do próprio futebol português. Um esforço que, mais cedo ou mais tarde, teria de ser compensado para garantir o necessário equilíbrio das contas.

No fundo, aquilo que aparentemente estará em causa, na próxima época, é a capacidade de Jesus para se impor com recurso apenas a armamento convencional, em vez do arsenal nuclear que lhe puseram nas mãos no ano passado. Ou, em futebolês, a capacidade para ser competitivo com um plantel semelhante ao dos rivais. Um regresso à normalidade, portanto.

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